domingo, 31 de maio de 2009

A IGREJA, DE JESUS A PAULO

A IGREJA, DE JESUS A PAULO

MATEUS 16.18; 2 CO 13.11


I – A IGREJA EM SUA IDÉIA FUTURA

1. A igreja metafísica. Trata-se da igreja que nasce na memória (no mundo das idéias); o projeto nasce na mente do arquiteto (meta), e virá a ser (físico). O prefixo grego ‘meta’ significa ‘além de’; trata-se do saber transcendental. Tudo isso para dizer que a igreja já estava pronta na cabeça de Jesus.
2. Jesus declara que a igreja surgirá, depois de conversar com os seus discípulos, quando Pedro declara diante de todos, ser Ele o ‘Cristo, Filho do Deus vivo’. A declaração de Pedro é a pedra na qual a igreja será estabelecida, isto é, no Cristo, o Filho do Deus vivo.
3. Mas no projeto de Jesus não estava uma igreja acanhada, uma igreja que se amedronta diante de tudo e de todos. A igreja foi edificada para avançar sobre as trincheiras do inferno, derrubando suas portas e destronando poderio (Col 1.13).

II – A IGREJA QUE NASCE PARA CONGREGAR A TODOS

1. A igreja deixa de ser metafísica, para ser física, embora, em sua essência seja transcendental, pois foi edificada para ser o corpo de Cristo. Ela passa a ser física, pois pode ser vista por todos os homens.
2. A igreja que se torna visível começa a congregar as pessoas. De início, quase três mil novos crentes (At 2.41); não muito depois, o número chega a quase cinco mil (At 4.4). Os crentes amavam estar juntos, e por conta dessa comunhão entre eles, o Senhor lhes acrescentava a cada dia os que iam sendo salvos (At 2.47).
3. A igreja não apenas pode ser vista entre as ruas de Jerusalém, mas pode ser tocada, pode ser amada, pode ser perseguida (Atos 8.1-4). A partir de Atos oito a igreja pode mostrar a razão de ter sido edificada: ser testemunha, ser evangelizadora. Será possível que a igreja ficou muito tempo ‘anestesiada’ pelas reuniões de ágape?
4. A igreja que nasceu para congregar a todos, congregou também Ananias (“Protegido por Yahveh”) e Safira (Nome de uma pedra preciosa). O casal não estava sintonizado com os propósitos da igreja, por isso, viraram presa fácil de Satanás (At 5.1-3).
5. A igreja que nasceu para congregar a todos, congregou Maria Madalena a mulher samaritana, Zaqueu, os leprosos; Paulo completa a lista, quando escreve aos coríntios (1 Co 6.1-11).


III – A IGREJA QUE É MAIS QUE UM SONHO

1. A igreja é mais que um sonho, ela é real. Mas a igreja vive através dos seus sonhos. O que sonhamos para a nossa igreja será realidade na medida do nosso envolvimento.
2. A igreja em Corinto padecia do mal de sonhar múltiplos sonhos, porque tinha múltiplos grupos, e cada grupo querendo puxar as ações para si (1 Co 3).
3. Mas Paulo, o apóstolo implantador de igrejas, também tinha sonho para os irmãos de Corinto (2 Co 13.11). Qual era o sonho do apóstolo? Ele tinha o sonho de ver a igreja vivendo a comunhão; a igreja vivendo como uma família, crendo nisso, os crentes são chamados por Paulo, de irmãos.
4. A comunhão gera na igreja a alegria. É por isso que muitas Bíblias, neste texto, traduzem chairete, como alegrai-vos (regozijai-vos), e não como ‘adeus!’. A alegria faz parte do fruto do Espírito.
5. Paulo queria ver na igreja composta de crentes maduros, não mais crianças recém-nascidas. Ele queria ver conserto (katartizeste) entre os irmãos. Só havendo conserto pode haver aperfeiçoamento, amadurecimento (A palavra conserto (katartizeste), aparece em Mateus 4.21).
6. Paulo quer ver nos crentes uma característica do Espírito; ele diz: “Consolai-vos”. Consolação é uma atribuição de um irmão para com o outro.
7. Paulo que não fez parte da igreja dos primeiros dias, onde havia unanimidade entre os irmãos, passa a apelar à igreja de Corinto a prática desse tipo de procedimento. O seu apelo é que os irmãos fossem ‘do mesmo parecer’. A igreja que nasceu para vencer o mal, não podia ser por ele vencida (Mt 16.18).
8. O seu último apelo foi: “vivei em paz”. A igreja que precisa ser repreendida para que haja paz entre os irmãos, parece ser o fim! Mas não é impossível haver falta de paz entre os irmãos. Talvez seja essa a razão de Paulo apelar à alegria, ao amadurecimento, ao consolo mútuo, à unanimidade, antes de rogar pela paz.
9. Para se pensar: O que faria Deus ausentar-se da igreja? A perda das características de igreja; a perda do conceito de agência do Reino. Paulo não ver uma igreja sem Deus, por isso diz: “E o Deus de amor e paz estará convosco”.


CONCLUSÃO

A igreja foi edificada por Jesus, segundo os propósitos que Ele mesmo idealizou para ela.
A igreja soube viver bem os primeiros dias; houve comunhão e crescimento acelerado.
Nos seus últimos dias, o apóstolo Paulo se empenhou tudo que pode para conservar a igreja nos ideais de Cristo.
A igreja continua sendo a família de Deus, que tem por finalidade, contribuir com o Senhor de tal maneira que o mundo possa conhecê-Lo.
Amém.

PR. Eli da Rocha Silva 31/05/2009
Igreja Batista em Jardim Helena – Itaquera São Paulo - SP

quarta-feira, 27 de maio de 2009

REFLEXÕES (4) NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO

REFLEXÕES (4) NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO

CAPÍTULO 2. 3-6


(v.3) E nisto sabemos que o conhecemos: se guardamos os seus mandamentos.

1. O teste final e definitivo (BA) para sabermos se o conhecemos de fato é a guarda dos seus mandamentos. O simples fato de alguém dizer que o conhece não muda muita coisa; o que vale mesmo é o testemunho através da prática do que Ele ensinou.
2. O próprio crente pode fazer a sua autoavaliação a partir do que sabe quanto a guarda da palavra de Deus. Fazendo assim, ele não correrá o risco de enganar-se a si mesmo.
3. Jesus tinha real interesse que seus seguidores observassem os seus mandamentos, a ponto de dizer: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor” (João 15.10a).

(v.4) Aquele que diz: Eu o conheço, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a verdade;

1. Como dizer é fácil, é possível que muitos digam que conhecem ao Senhor, mas em seguida, as suas ações demonstram o quanto estão enganados. E pior, o quanto querem enganar.
2. Repetimos o que já foi dito: o teste final desse conhecimento de Cristo é a guarda dos seus andamentos.
3. João adjetiva de mentiroso aquele que diz conhecer ao Senhor, mas não guarda os seus mandamentos. O termo grego é pseutes, que significa falso. João também diz: “e nele não está a verdade”; a falta da verdade desqualifica alguém para ser verdadeiro.


(v.5) mas qualquer que guarda a sua palavra, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus. E nisto sabemos que estamos nele;

1. João faz a contraposição, o contraste entre aquele que diz conhecer a Cristo, mas não guarda os seus mandamentos, com qualquer que guarda a sua palavra.
2. Enquanto o primeiro é falso e não tem nele a verdade, o segundo, nele realmente se tem aperfeiçoado o amor de Deus.
3. Sabemos que estamos em Cristo, quando o amor de Deus é em nós aperfeiçoado. Sendo Deus amor, nada podemos fazer em relação a Ele, mas é o Seu amor nos leva a uma condição de plenitude, de completo enchimento.
4. Cito Stott que diz: “O verdadeiro amor a Deus se expressa, não em linguagem sentimental ou em experiência mística, mas na obediência moral. A prova de amor é a lealdade” (Com. 1ª Carta).

(v.6) aquele que diz estar nele, também deve andar como ele andou.

1. São duas situações: 1) Sabemos que estamos Nele, e 2) Dizemos que estamos Nele. O primeiro caso é um assentimento pessoal: sei que estou, sinto que estou Nele; o segundo caso é a exposição da minha conclusão pessoal: sei que estou Nele, por isso falo.
2. “Andar como ele andou”. Mas o que digo aos outros deve ser demonstrado pelas minhas ações; a minha fala deve ser ratificada pela minha conduta. A minha conduta deve ser orientada pela conduta do próprio Cristo.
3. Paulo nos dá a fórmula da conduta de Cristo: “Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2.5). ‘A conformidade do cristão deve ser com o exemplo de Cristo’ (Stott). Aliás, só se é cristão por causa dessa conformidade. Podemos escrever a cláusula assim: Conformidade com Cristo (Stott); não conformidade com o mundo (Paulo).

PR. Eli da Rocha Silva
Igreja Batista em Jardim Helena - Itaquera

domingo, 17 de maio de 2009

A FAMÍLIA DOS FILHOS DE DEUS

A FAMÍLIA DOS FILHOS DE DEUS

LUCAS 8.23-27


Em nenhum momento Jesus quis menosprezar a sua família; ele não desmereceu Maria e seus irmãos. Ele não renegou o seu parentesco. Ele não tinha vergonha dos que moraram com ele sob o mesmo teto durante 30 anos; porque, durante o seu ministério, ele não tinha onde reclinar a cabeça.
Segundo Evans (NVBC – Lucas), Jesus queria ensinar aos seus ouvintes a proposta de uma família que transcende a descendência física de Abraão. Jesus procurou ensinar o que está escrito em João 1.12 e 13, que há uma família que não nasce de carne e de sangue, e nem de vontade humana.


I – A FAMÍLIA COMPOSTA DE DISCÍPULOS


1. Como já foi dito, Jesus não menosprezou a sua família gerada segundo a vontade humana (José casou-se com Maria e gerou filhos).
2. Naquele momento de seu ministério, é até possível que Jesus os tenha deixado lá fora mesmo; Ele talvez não tenha usado o fato da relação familiar para oferecer privilégios, ou seja, fazê-los fazer furar a fila para vê-lo. Jesus tratou os seus familiares como pessoas comuns.
3. Mateus escreve que Jesus estendeu a sua mão para os discípulos, indicando aqueles que faziam parte da sua família; Ele diz: “Eis minha mãe e meus irmãos”. (MT 8.49). Jesus com esta expressão estava criando uma nova visão a respeito de uma nova família: família espiritual.
4. Há período em nossa vida, que a família que nos esconde no peito, a família que vê de perto as nossas dores, é a família dos chamados domésticos da fé.
5. Paulo usou domésticos da fé (oikeíous tes písteos), como indicativo daqueles que são da mesma casa, dos que vivem sob o mesmo teto; mas o apóstolo acrescenta a palavra fé a esse tipo de convivência fraterna. Paulo falava mesmo da igreja e do relacionamento entre os irmãos, dos da família da fé (NIBB e ARA).
6. A igreja é a família composta de discípulos; é a família composta daqueles que têm a coragem de deixar pai e mãe por causa e pela causa de Cristo.

II – A FAMÍLIA COMPOSTA DOS QUE OUVEM E OBEDECEM A PALAVRA DE DEUS

1. A nova família de Jesus, composta dos seus seguidores, dos seus discípulos, tinha uma característica que não passa por laços de sangue. A nova família de Jesus é composta daqueles que ouviam e obedeciam a Palavra de Deus (Lucas); é composta daqueles que fazem a vontade de Deus (Mateus e Marcos).
2. A nova família de Jesus se estendeu através do tempo e o transcenderá. Nós hoje somos da família de Jesus, como sua igreja, e continuaremos sendo da família depois das eras vindouras.
3. As famílias cessarão e com as nossas não será diferente. Nossos avós se foram, nossos pais estão indo e é certo que partiremos; a única família que se ouvirá em outro tempo é a igreja, a família da fé, a família de Deus.
4. João ao escrever o seu evangelho, disse que os filhos de Deus, os da família de Deus, são apenas aqueles que receberam a Jesus, os que crêem no seu nome (1.12).
5. Mas a fé em Jesus não é algo que se transfere em testamento; a fé também não ‘cola’ em ninguém por andar e conviver com os crentes. O processo de filiação não tem nada a ver com a adoção na família de um crente. O que entra na família da fé nem precisa ter família. A igreja é a família que acolhe.

III – O PRIVILÉGIO DE NASCER NA NOVA FAMÍLIA

1. A família é formada através do nascimento. Deus projetou a formação da família pela geração de outros, a partir de Adão. Esta é a família natural.
2. Para fazer parte da família de Deus é preciso nascer. Esta é a família espiritual.
3. Para Nicodemos, Jesus explicou que só é possível ver o reino de Deus aquele que nascer de novo (João 3.3). Como Jesus não estava falando de nascer de pai e mãe, Nicodemos precisava entender que ele precisava nascer na família dos discípulos, ele precisava nascer na família da fé.
4. A respeito dos gentios, Paulo escreveu aos efésios, que eles estavam fora dos privilégios concedidos à comunidade de Israel (Ef. 2.12), mas por meio de Cristo Jesus (v.13-18), foram incluídos como participantes dos mesmos benefícios, por serem membros da família de Deus (οικειοι του θεου) (v.19).
5. Aos Coríntios, Paulo escreveu que: “quem está em Cristo nova criatura é”. É nova criatura porque nasceu de novo.
6. Apenas Cristo pode conceder a alguém o privilégio de fazer parte de família de Deus; através de Cristo, nós os crentes fomos inseridos na família da fé, na família de Deus. Não éramos em nada diferentes dos efésios! Estivemos fora, mas em Cristo passamos a fazer parte da família.


CONCLUSÃO

A Família da fé é composta dos discípulos que ouvem e obedecem a palavra de Deus.
Há privilégios que são apenas para aqueles que são da família da fé. Alguns usufruímos aqui e agora: o cuidado dos irmãos uns pelos outros, a intercessão em favor dos santos e a beneficência.
Outro que já recebemos como membros da família de Deus é a vida eterna que já desfrutamos, mas que a desfrutaremos plenamente quando o Senhor nos levar para si.
Lembrando e terminado: Todas as famílias passarão, mas a família da fé não há de passar.
Amém.

PR. Eli da Rocha Silva
Igreja Batista em Jardim Helena – Itaquera – São Paulo - SP

sexta-feira, 15 de maio de 2009

REFLEXÕES (3) NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO

REFLEXÕES NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO (3)

CAPÍTULO 2. 1,2

(v.1) Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.

1. A preocupação de João foi escrever para que os crentes não pecassem; ele falou do perigo de dizermos que não pecamos ou que não temos pecado, pois assim estaríamos fazendo Deus mentiroso; e o seu cuidado era justamente evitar essa falha na vida dos seus leitores. O caminho da vida cristã excelente é o fato de não pecarmos. O desejo de João é um só: “Eu vos escrevo para que não pequeis”.
2. Mas o pecado por ser uma realidade no mundo, podia também tornar-se realidade na vida do crente. E aí, o crente deve cair em desespero, desistir da vida cristã, pois acha que o pecado é maior que ele? Qual atitude tomar?
3. João tem o que cuidado de instruir os seus leitores, os seus filhos na fé, que não tomem uma atitude que possa levá-los a um perigo maior. Caso alguém pecasse, o que fazer? João mesmo instruiu quanto ao que deve ser feito: “Mas, se todavia alguém pecar”. Se por um descuido, ou até mesmo por auto-suficiência, alguém pecar por acreditar que não peca, João diz que: “Temos um Advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o justo”.
4. Mas é bom salientarmos que João não está estimulando ou dando a liberdade para que alguém peque. Na verdade o pecado pode acontecer como um acidente no percurso da vida cristã.
5. Ninguém deve abusar do fato de ter o Advogado junto ao Pai, e assim, viver uma vida sem luta contra o pecado. Ninguém deve ser Pecadeiro, isto é, aquele que vive na prática e alguns até da prática do pecado (Ver John Langston)

(v.2) E ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.

1. “Ele é a propiciação pelos nossos pecados”. Propiciação: Sacrifício que afasta a ira divina (Nota rodapé da NIBB). O Advogado é também Aquele que foi oferecido pelos pecadores.
2. João Batista, a respeito de Jesus disse: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (João 1.29). Jesus é Aquele que foi oferecido para remoção do pecado, e por conseguinte, o afastamento da ira de Deus sobre o pecador. Tendo sido Jesus oferecido em favor dos pecadores, estes foram por Ele justificados (Rm 4.25-5.1).
3. Jesus foi oferecido de uma vez por todas, não havendo a necessidade de quaisquer outros sacrifícios para estamos bem com Deus (Rm 5.1 – temos paz com Deus). A apresentação de Jesus como o Cordeiro suficiente diante de Deus, tem um efeito continuado, isto é, para os crentes dos dias de João (dos nossos), para todos que viessem a ser crentes (mas também pelos pecados de todo mundo). Aqui nos encaixamos muito bem!
4. Ao dizer de todo mundo, João não estava ensinando que todos recebiam automaticamente os benefícios de terem tal Advogado, mas que este estava à disposição de todos que quisessem buscá-Lo (Pesquisem sobre UNIVERSALISMO: Teoria de que todos serão salvos um dia).

PR. Eli da Rocha Silva
Igreja Batista em Jardim Helena - Itaquera

quinta-feira, 7 de maio de 2009

PESSOAS ESPECIAIS (MIGUEL ISAÍAS)

PESSOAS ESPECIAIS

Existem coisas que não sabemos entender, ou pelo menos, sofremos para entender. Dentre as coisas que sofremos, talvez uma das maiores seja a perda de alguém que amamos.
Mas paro por um instante e penso em algumas vidas que passaram por aqui, e acabo pensando como o autor da carta aos Hebreus; ele disse: “O mundo não era digno dessas pessoas” (Hb 11.38 a). O mundo não foi berço suficiente para essas pessoas especiais.
Não seria demais dizermos que o Miguel era esse tipo de pessoa especial.
Pensar sobre o Miguel, me traz à lembrança alguns outros, e destaco Enoque, que a respeito dele foi dito: “Enoque andou com Deus até que não foi mais visto, porque Deus o havia tomado” (Gn 5.24). Deus tomou Enoque, porque, na verdade ele Lhe pertencia. Deus só toma aquilo que Lhe pertence. Nós e os nossos filhos, só ficamos aqui por algum tempo. Quem determina o tempo é o próprio Deus.
Talvez alguém diga que não há maior dor que essa, a dor de perder parte de nós mesmos; assim disse a Ana a respeito do Miguel.
A nossa presença com alguém que perdeu outro será apenas para dizer que estamos juntos; é a presença que dá vida ao texto bíblico: “Chorai com os que choram”. A dor do nosso irmão, do nosso amigo nos faz chorar com ele: “Jesus chorou”, assim diz a Bíblia. Jesus não teve vergonha de ser visto chorando, como também não teve receio ou medo de enfrentar a cruz, e Ele a enfrentou pelo Miguel, pelo Ronnie e Ana Paula, por mim e por você.
Eu não sei consolar aqueles que sofrem, mas a Palavra consola ao dizer que tornaremos a nos ver: “Porque o Senhor mesmo descerá do céu com grande brado, à voz do arcanjo, ao som da trombeta de Deus, e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos seremos arrebatados juntamente com eles, nas nuvens, ao encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras” (1 Ts 4.16-18).
É esta a esperança que nos une hoje; é a esperança que nos faz confiar e descansar no Senhor. A igreja aguarda ansiosamente o grande dia desse ajuntamento.
Um dia alguém escreveu: “Os meninos e as meninas que servem a Cristo, São-lhe jóias, ricas jóias de muito valor. Como estrelas da aurora, Brilhando na fronte de Jesus, lá na glória, adorno serão” (CC 524). Pessoas especiais para Deus brilham e brilharão sempre através do que puderam nos ensinar; é certo que, ao nos lembrarmos delas diremos: ‘Olha ele fazia assim, olha ele fez isso’.
O Miguel, mesmo que tenha estado conosco um tempo que achamos tão pouco, foi daquelas pessoas que marcaram outras.
Que Deus console os familiares; que Ele nos console com as suas misericórdias.
Amém.


HINOS INFANTIS DO CANTOR CRISTÃO:

524, 525, 531, 539, 542

quarta-feira, 6 de maio de 2009

REFLEXÕES NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO (2)

REFLEXÕES NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO (2)
Capítulo 1. 6-10

Acho interessante a forma que João escreve a sua carta, quando ele usa de modo insistente a palavra‘se’. Das suas variadas aplicações, duas são as mais conhecidas: 1) Pronome Reflexivo: A palavra se será pronome reflexivo quando indicar que o sujeito pratica a ação sobre si mesmo. Nesse caso, o verbo concordará com o sujeito. Ex. A menina machucou-se ao cair do brinquedo. As meninas machucaram-se; 2) Conjunção Subordinativa Condicional: A palavra se será conjunção subordinativa condicional, quando iniciar oração subordinada adverbial condicional, ou seja, quando iniciar oração que funcione como adjunto adverbial de condição. Ex. Tudo estaria resolvido, se ele tivesse devolvido o dinheiro (Internet).

(v.6) Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade;

1. Tendo escrito a sua carta para que seus leitores viessem à comunhão, João leva-os a compreender que dizer não é tudo, mas sim o tipo de comportamento que devem ter.
2. Tendo ensinado que em Deus não há treva alguma (v.5), quem nela andar está fora da comunhão; e mais, não passa de um mentiroso, porque não pratica a verdade. Em síntese, aquele que assim procede engana-se a si mesmo.
3. O conceito de Jesus para quem anda nas trevas, é a prática às escondidas das coisas que são reprovadas se praticadas diante da luz (João 3-19-21).

(v.7) mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.

1. “Deus é luz” (v.5). Sendo luz, Ele mesmo está na luz, e consequentemente, aqueles que com Ele estão desfrutam da Sua luz.
2. O apóstolo elenca os resultados positivos de estarmos na luz: 1) temos comunhão uns com os outros. A comunhão que temos entre nós na igreja é resultado imediato da comunhão que temos com Deus (v.3); a falta de comunhão entre nós pode denunciar que não temos a Deus; e,
3. 2) Quando andamos na luz somos purificados pelo sangue de Jesus, o Filho; a purificação é completa, é irrestrita: “de todo pecado”. Nem pecadinhos, nem pecadões, se assim podemos classificar o pecado, mas de todo e qualquer pecado; inclusive a falta de comunhão entre os irmãos.

(v.8) Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.

1. Muitos anos antes de João e de seus leitores, o próprio Davi conceituou o pecado como uma herança: “Eu nasci em iniqüidade, em pecado minha mãe me concebeu” (Sl 51.5). Então, dizer ‘não temos pecado nenhum’ não de extrema ignorância; pelo menos o rei Davi diria isso.
2. “Enganamo-nos a nós mesmos”. Esta expressão joanina nos lembra outra: ‘Me engana que eu gosto’. Tem gente que gosta de viver assim, enganando e sendo enganado. O perigo é que todo aquele que passa a acreditar em sua mentira, passa ensiná-la aos outros como se fosse uma verdade.
3. “A verdade não está em nós”. Se a verdade não está em nós, corremos o risco de estarmos sem Cristo, pois Ele mesmo disse: “Eu sou...a verdade”. Pessoas vazias da verdade insistem em levar uma vida de mentiras.

(v.9) Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.

1. João precisava trabalhar muito com aqueles que tinham a mentalidade do versículo anterior. Como alguém que diz não ter pecado vai confessar alguma coisa? É claro que João, com aquele jeito paizão de ser, soube conduzir as pessoas à reflexão.
2. João teve que explicar o que é pecado; teve que dizer mais do que dizemos às pessoas dos nossos dias; que pecado é errar o alvo, e mais nada, paramos por aí. É que muitas vezes falamos docemente sobre o pecado (medo de ofender o pecador); aí, não convencemos ninguém! (E ainda atrapalhamos o Espírito Santo a quem foi dada a tarefa do convencimento – João 16.8,9).
3. Depois de conscientizados do pecado, aquele que o confessar, terá da parte de Deus, que é fiel e justo, o perdão dos pecados e a purificação de toda injustiça. Citando Stott: perdão (o débito é quitado); purificação (a mancha é removida).

(v.10) Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.

1. Devemos entender que este versículo não se trata de mera repetição do verso oito, mas sim, de outro conceito bíblico-teológico; lá, a lembrança do pecado como uma herança maldita; aqui, o resultado da herança, os juros; lá, a causa; aqui, a conseqüência.
2. João nos ensina a termos cuidado sobre o que pensamos de nós mesmos. É possível que, mesmo carregados de pecados, alguém ache que não pecou, porque nunca matou, nunca roubou, nunca adulterou, nunca isso ou nunca...qualquer outro erro. Se João escrevia a fim de que eles conhecessem o evangelho, é certo que já haviam cometido pecado, mesmo que não soubessem alistá-los.
3. Se dissermos que não temos, ou que não cometemos pecado, fazemo-lo mentiroso, pois está escrito que todos pecaram (Rm 3.23 e outros).
4. “E a sua palavra não está em nós”. Repito o que disse no item 3 do verso 8: ‘Se a palavra não está em nós, corremos o risco de estarmos sem Cristo, pois Ele é a Palavra que encarnou para estar entre nós (João 1.14).


PR. Eli da Rocha Silva
IBJH 6/05/2009

sexta-feira, 1 de maio de 2009

MATEUS 7.24_A BASE PERFEITA PARA ESTABELECER A FAMÍLIA

A BASE PERFEITA PARA ESTABELECER A FAMÍLIA
MATEUS 7.24


Todos (ou a grande maioria) querem fazer parte de uma família. Quando vemos reportagens sobre orfanatos, sempre vemos uma criança em busca de um lar; isto, porque o homem é um ser gregário, Deus não o criou para viver na solidão.
A maneira como Deus resolveu a solidão do homem foi criando uma companheira, e a partir daí, a família. Alguém pode alegar que o homem não era tão solitário assim, pois Deus estava no Éden com ele. Até concordo, mas, Deus criou o homem com necessidades humanas que só seriam atendidas por outro humano.
Além de ver que não era boa a solidão do homem, Deus tinha um propósito para a Terra por Ele criada; então Ele diz: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a” (Gn 1.28). Sendo fecundos, o homem e a mulher encheriam a terra; sendo fecundos, eles formariam a sua família, e consequentemente, muitas outras famílias.
Saibam os homens ou não, Deus criou a família com propósitos definidos; propósitos não se de fecundação e multiplicação e sujeição, mas de relacionamento e de vida espiritual, e Caim e Abel entenderam muito cedo este último propósito (Gn.4.3,4).
A Terra foi ficando cheia pela multiplicação dos homens e de seus descendentes (Gn 6.1) até chegar aos nossos dias.
Ainda hoje há por parte das pessoas o desejo de constituir família; este é o sonho da juventude, e também daqueles que já não tão jovens assim.
Eu e minha filha estávamos indo para o trabalho e vimos um senhor conversando com uma mulher no portão e dizia: ‘Como é triste fazer a comida, arrumar a casa fazer outras coisas e ser sozinho’. Achamos que ele estava ‘chavecando’ a vizinha. Mas é verdade, como é difícil não ter com quem compartilhar.
Mas, quem quiser constituir família, tem que buscar bases sólidas para sua edificação.

I – ESTABELECENDO A FAMÍLIA ATRAVÉS DE UMA BOA ESCOLHA

1. Muitos são os textos que podemos ser usados para pensarmos sobre a família, mas se a idéia é a sua constituição, por que não pensarmos primeiro na sua base?
2. Jesus falando no sermão do monte, disse que o prudente é estabelecer a casa sobre a rocha. Pensando sobre o que Jesus disse, concluímos que a rocha é o melhor lugar para se estabelecer o lar (falaremos disso mais à frente).
3. Deus nos deu a possibilidade de não ficarmos sós; bondosamente criou-nos para fazermos companhia a alguém. Mas a escolha da companhia é nossa. Oramos a Deus, pedimos orientação, mas por fim, a escolha é nossa mesmo.
4. Jacó, seguindo as orientações de sua mãe, foi estabelecer-se com o seu tio Labão em Harã (Gn 27.43). Chegando lá ele fez a sua escolha: Raquel (Gn 29.5-11; 18); Jacó escolheu a mulher da sua vida.
5. Qualquer um (uma) que queira constituir família deve começar fazendo uma boa escolha. Nem sempre o que se vê é a melhor escolha; nem sempre o que se sente é a melhor escolha; escolher é mais complicado do que se pensa. Mas, nem tudo está perdido, é preciso continuar buscando a boa escolha.

II – ESTABELECENDO A FAMÍLIA SOBRE BONS VALORES SOCIAIS

1. Falar sobre valores não é tão fácil assim, pois que tem valor, ou é um valor para um pode não ser para outro. Alguém pode dizer: ‘a base da família é uma boa educação’, que pode ser uma visão familiar, ou educacional, no sentido de formação.
2. São pelos menos três sentidos para a educação: O primeiro, podemos pensar com formação no lar, de onde aprendemos as seguintes expressões: ‘Como ele é educadinho’, ou, ‘como ele é mal educado!’; no segundo, a boa educação para enfrentar o mundo, o preparo para a vida profissional, a visão de futuro para os filhos, ou para nós mesmos; e, o terceiro, a educação como um valor cristão.
3. Nem todos pensam na educação cristã como um valor que pode modificar o destino de alguém, mas nós os crentes, temos obrigação de pensar assim a respeito do futuro dos nossos filhos. Há pais crentes que ensinam tudo para os filhos, menos que eles devem ser bons crentes; eles são colocados em cursos de todo o tipo: informática, balé, inglês, natação e outros, mas não os levam para participar da EBD. Que tipo de valor eles estão querendo para os seus filhos?
4. Existem outros valores que podem ser trabalhados na família, que trarão resultados para a vida do filho ou filha, que não devemos deixar de lado; são eles: amor, respeito, compreensão, união (sinergia), liberalidade e serviço. Muitos lares formam filhos individualistas, mesquinhos, unhas de fome, e mais um bocado de coisas que não prestam. Não é esse tipo de procedimento que a Bíblia requer daqueles que constituem família.
5. A família que prima pelos bons valores cristãos e de sociabilidade, entregarão ao mundo pessoas preparadas para toda boa obra, e como resultado, os homens glorificarão a Deus (MT 5.16).

III – ESTABELECENDO A FAMÍLIA SOBRE A ROCHA

1. Quem já morou em casa de pau a pique (parede feita de varas entrecruzadas e barro), e hoje mora em casa de alvenaria sabe muito bem o sentido da expressão ‘edificou a sua casa sobre a rocha’. Há fases na vida que só sobra casa de pau a pique, assim é preciso enfrentar a situação.
2. Mas existem pessoas que, mesmo tendo a possibilidade de começar bem, fazem questão de iniciarem pelo erro; a estas, Jesus chama de insensatas (v.26).
3. Nós crentes entendemos perfeitamente a ideia de se construir sobre a rocha. Para nós, construir sobre a rocha significa edificar a família sobre Cristo e seus valores.
4. Os valores de Cristo podem muitas vezes ser diferentes dos nossos valores. Existem certos ditos populares que podem nos induzir a uma tomada de posição errada; são eles: ‘A ordem dos tratores não alteram o viaduto’, ou, ‘a ordem dos fatores não alteram o produto’. Mas o melhor de tudo é sabermos estabelecer os valores de Cristo como prioridade. O próprio Jesus quis deixar a ordem dos valores estabelecida para os seus discípulos de ontem e de hoje (MT 6.33).
5. E triste, mas é preciso dizer: muitos pais sofrem, e muitos outros sofrerão, porque não souberam estabelecer valores prioritários na vida dos filhos.
6. Os valores de muitos pais cristãos passam por fundos de aplicação e de previdência, poupança e ações, mas nada de mandamentos, estatutos e ordenanças bíblicas. Muitos nem sabem que está escrito que devemos ensinar a criança no caminho em que deve andar (PV 22.6).

CONCLUSÃO

A CBB nos fez pensar sobre a família e os desafios de um novo tempo. Então, que concluir falando ainda sobre valores para a família cristã:
1. Não perder a consciência a respeito dos valores espirituais;
2. Fundamentar-se no amor e nos relacionamentos saudáveis;
3. Estabelecer-se em laços de compromisso e zelo por sua durabilidade;
4. Não se deixar levar por crise de autoridade no lar;
5. Não perder de vista em Quem deve confiar.
Que Deus nos abençoe.

PR. Eli da Rocha Silva 03/05/2009
Igreja Batista em Jardim Helena – Itaquera – São Paulo - SP