sábado, 27 de junho de 2009

TRANSTORNAR PARA TRANSFORMAR

TRANSTORNAR PARA TRANSFORMAR


ATOS 17. 1-6


Duas palavras importantes da língua portuguesa: transtornar e transformar. Transtornar: v. tr. 1. Alterar a ordem ou a colocação de. 2. Fig. Fazer mudar, trazer a perturbação a. 3. Incomodar. 4. Turvar a inteligência ou o juízo de. v. pron. 5. Turvar-se. 6. Desorganizar-se. 7. Desfigurar-se. 8. Demudar; Transformar: v. tr. 1. Mudar a forma de; metamorfosear. 2. Converter, trocar. 3. Alterar, variar, tornar diferente do que era. v. pron. 4. Mudar de forma. 5. Converter-se. 6. Metamorfosear-se; disfarçar-se.


I – O EVANGELHO CHEGA PARA TRANSTORNAR (v.6).

1. Aonde o evangelho chega o ambiente não é mais o mesmo. Os próprios judeus disseram isso do evangelho, que era pregado pelos missionários Paulo e Silas.
2. O transtorno não era somente pela presença dos pregadores, mas principalmente, pela mensagem que eles proclamavam.
3. Talvez o drama para nós crentes e para a igreja seja o fato de não sermos um transtorno; não sermos incômodo para a sociedade é algo para pensarmos.
4. É possível que a igreja não tenha marcado presença; algumas, os moradores das ruas próximas não sabem indicar a sua localização.
5. Com a chegada do evangelho, pela proclamação dos missionários, Tessalônica não seria mais a mesma; o evangelho tem o poder de acabar com a mesmice, pois é capaz de virar o ambiente de ‘cabeça para baixo’.
6. Pontos Salientes 2009 (Juerp) página 156: “Sim, o evangelho transtorna o mundo. Os melhores comentaristas chegam a dizer que o verbo traduzido por "transtornar" no original grego seria mais ou menos "virar de cabeça para baixo". Sim, eles perceberam que esta era a realidade do evangelho naquela época, pois onde ele chegava ele mudava o mundo ao redor, ensinando sobre o amor, a paz, a salvação, a liberdade, e mais precisamente sobre Cristo, Jesus o Senhor”. (KJV – “These that have turned the world upside down are come hither also”)

II – O EVANGELHO CHEGA PARA TRANSFORMAR

1. O evangelho chegou à Tessalônica para transformar. O evangelho chegou através daqueles que se dispuseram a proclamá-lo, no presente texto, Paulo e Silas.
2. O evangelho continua dependente da instrumentalidade de homens e mulheres, para avançar e transformar o mundo.
3. A pregação obteve resultado na cidade: “Alguns deles (dos judeus) foram persuadidos e unidos a Paulo e Silas” (v.4). Todo empreendimento missionário visa resultados. Nenhuma viagem missionária pode caracterizar-se como um passeio turístico, caso isso aconteça, os que dela participarem voltarão com as mãos vazias, sem a alegria dos frutos do seu trabalho.
4. Paulo e Silas quando chegaram a Beréia, após um levantamento da evangelização em Tessalônica, puderam perceber o sucesso da passagem deles pela cidade. Além de alguns judeus, ‘numerosa multidão de gregos piedosos e muitas distintas mulheres’ foram persuadidos e unidos aos evangelistas (v.4).


III – O EVANGELHO QUE TRANSTORNA E TRANSFORMA

1. É bem verdade, que os judeus que não aceitaram o evangelho, disseram que Paulo e Silas é que transtornaram a cidade, mas, só viraram o mundo e Tessalônica de ‘cabeça para baixo’ por causa do poder do evangelho de Cristo.
2. O evangelho que chega transtornando e quebrando as barreiras, faz tudo isso porque trata-se do evangelho que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê; primeiro o judeu e também o grego” (Rm 1.16).
3. Paulo e Silas não chegaram à cidade falando deles mesmos, não tiveram a preocupação de apresentaram os seus currículos. Eles tinham outro assunto para ser tratado com aqueles que queriam ouvi-los: “Paulo,...por três sábados, arrazoou com eles acerca das Escrituras” (v.2). Paulo argumentou com eles a respeito das Escrituras.
4. O tema central da sua argumentação, com base nas Escrituras, era Cristo. É possível que seus ouvintes já sabiam algo a respeito de Jesus, mas, não sabiam tudo o que precisavam saber.
5. Evangelizar é contar às pessoas tudo o que elas precisam saber a respeito dAquele que foi morto, sepultado e que ressurgiu dentre os mortos (v.3). Evangelizar é contar a respeito de Jesus.
6. Quando evangelizamos, estamos querendo a transformação da nossa cidade pelo poder do evangelho de Cristo.

CONCLUSÃO


Concluo com a seguinte citação (Pontos Salientes 2009 (Juerp) página 156): “Tessalônica passa a ser o marco definidor da obra de Cristo no mundo desde então até os dias de hoje. Os cristãos do passado, os crentes de hoje, devemos ser aqueles que transtornam o mundo com a nossa mensagem salvadora em Cristo Jesus. Será que eu e você estamos "transtornando" o mundo ao redor?”.

PR. Eli da Rocha Silva
28/06/2009 – Igreja Batista em Jardim Helena- Itaquera – São Paulo - SP

domingo, 21 de junho de 2009

OS PERIGOS DA CONFORMAÇÃO COM O MUNDO

OS PERIGOS DA CONFORMAÇÃO COM O MUNDO

ROMANOS 12.1,2


Tendo como base o texto de Romanos 12.2, podemos observar o cuidado do apóstolo Paulo, no sentido que seus leitores não caíssem no perigo da conformação com o presente século (o dos seus dias, e hoje, o dos nossos dias).
Mas o que é conformação? A NIBB traduz: “E não vos amoldeis ao esquema deste mundo”. Conformação, não como sinônimo de passividade (Ah, o mundo é assim mesmo!), mas, conformação, como assimilação e associação (simbiose) com as práticas próprias do mundo.
O crente não tem como negar que corre riscos ao entrar nessa relação perigosa. O esquema deste mundo não se coaduna com os propósitos e interesses do reino de Deus.
Para que os crentes não incorressem em nenhum deslize próprio daqueles dias, receberam tal instrução de não conformação.


I – A CONFORMAÇÃO COMO OBSTÁCULO A APRESENTAÇÃO DO CULTO VERDADEIRO (v.1)

1. O primeiro obstáculo causado pela conformação ao sistema do mundo é à capacidade e genuinidade da nossa adoração.
2. A solicitação da parte do apóstolo é que apresentemos o nosso (vosso) corpo em sacrifício vivo. É justamente uma ideia que difere de todo o sistema judeu de adoração. Quando Abraão saiu para apresentar Isaque, o culto teria como parte da adoração, o próprio cutelo como seu instrumento. Hoje, temos outros instrumentos.
3. Outro ingrediente que se mostra de suma importância, era o fato da própria apresentação do adorador, ter o componente da santidade. A ideia principal aqui é de algo separado para um determinado fim; no caso, o de adoração. O Deus santo busca a santidade em seus adoradores.
4. Ainda outro ingrediente ou, componente da adoração, seria o da agradabilidade. A nossa apresentação deve ser agradável a Deus. Não há quem não fique feliz quando alguma coisa lhe é agradável. Podemos dizer o mesmo de Deus. O componente ‘agradabilidade’ nos faz lembrar o que Deus fez em relação a Abel, que houve da Sua parte, acolhimento e agradabilidade, tanto a ele com o ao seu sacrifício.
5. E Paulo, quer o mesmo para cada um de nós; ele não nos cobra o que vemos em outras religiões, mas nos diz que diante de Deus nos apresentemos em culto racional, autêntico. Há muitos cultos que são verdadeiras barbaridades, que se mostram irracionais diante de Deus, portanto fora de lógica serem aceitos por Ele.


II – A CONFORMAÇÃO COMO OBSTÁCULO À RENOVAÇÃO DA MENTE

1. Paulo, embora pedisse um culto com razoabilidade e logicidade, que é fruto da própria mente, fala também dos perigos à própria mente. Ele fala do perigo da mente obscurecida pela conformação com o mundo.
2. Para a mente obscurecida, as ações do mundo é que estão dentro da razoabilidade. Ou seja, todo e qualquer padrão que se viva, está totalmente dentro do aceitável (às vezes até elogiável!). O mundo perdeu a noção do que seja deplorável. Quando nós também perdemos a noção do que seja deplorável estamos esquematizados, daí em diante tudo passa a ser normal.
3. Dizendo não à esquematização tipo ‘unha e carne’ com o mundo, o passo certo para o cristão, que já acertou ao dizer não, é buscar a transformação pela renovação da mente.
4. Paulo continua a argumentar sobre questões de razoabilidade, questões da mente; sendo assim, ele usa a palavra grega nous, que está ligada ao intelecto, ao entendimento (ARC).
5. Assim sendo, é preciso então decidir qual direção tomar: conformação ou transformação. A segunda hipótese só se dará pela renovação da mente, do exercício seguro da vontade.
6. O crente, pela prática do exercício seguro da sua vontade, jamais será um ‘um vai com as outras’; ele saberá dizer sim e ele saberá dizer não.


III – A CONFORMAÇÃO COMO OBSTÁCULO À EXPERIMENTAÇÃO DA VONTADE DE DEUS.

1. A conformação é na verdade um obstáculo à experimentação da vontade de Deus. É lógico que não basta a não conformação com o mundo, é preciso que se tome uma decisão pela transformação da mente.
2. Paulo que falar do grande lucro da transformação pela renovação da mente. Esse lucro é chamado de experimentação. Como o tema está voltado à lógica (culto racional e transformação da mente) a própria experimentação está baseada em testar e discernir.
3. Apenas aqueles que têm a mente renovada podem discernir (experimentar) qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (v.2; discernimento que não está disponível às pessoas de um modo geral.
4. Quanto ao conhecimento da Sua perfeita vontade, Deus é seletivo. Tal discernimento é privilégio apenas daqueles que decidiram, no exercício seguro da vontade, não se conformar com o presente século, e que ‘ato contínuo’ trataram da renovação das suas mentes. Esse tipo de gente a Bíblia decidiu chamar de crente (Gl 3.6-9).
5. É senso comum entre os crentes que a vontade de Deus é boa e perfeita. Quando perdemos alguém que amamos, depois de termos orado, jejuado, rogado a sua cura, que não veio, nos curvamos a Deus que tem a perfeição em si mesmo e em tudo que realiza.
6. No passado a vontade de Deus foi conhecida pela Lei e os profetas; no presente se dá a conhecer pela revelação (aparição) de Cristo Jesus (Hb 1.1,2); Nele está a possibilidade da mente ser renovada, pois a inconformação com o mundo nasce apenas no coração naqueles que se decidiram por Jesus.

CONCLUSÃO

A transformação é o resultado da nossa não conformação com o mundo.
Quando decidimos por Cristo decidimos pela diferença que devemos fazer.
Amém.

PR. Eli da Rocha Silva

21/06/2009 – Igreja Batista em Jardim Helena – São Paulo - SP

REFLEXÕES (6) NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO

REFLEXÕES (6) NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO

CAPÍTULO 2. 12-17
(v.12) Filhinhos, eu vos escrevo, porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome.
(v.13) Pais, eu vos escrevo, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevo, porque tendes vencido o Maligno.
(v.14) Filhinhos, eu vos escrevi, porque conheceis o Pai. Pais, eu vos escrevi, porque conheceis aquele que existe desde o princípio. Jovens, eu vos escrevi, porque sois fortes, e a palavra de Deus permanece em vós, e tendes vencido o Maligno.


1. O escritor usa dois tempos para o verbo escrever: presente (eu vos escrevo) e passado (eu vos escrevi) (vv.12-14). Talvez com a mesma idéia, quando nós colocamos em nossas cartas, estudos e reflexões, a expressão ‘conforme acima’. É bem possível que João esteja se referindo ao que escrevera até o versículo onze
2. Quem são os filhinhos, pais e jovens referidos por João? Alguns comentaristas entendem que João não se referia à idade cronológica, mas aos possíveis estágios da vida cristã. Stott cita que Agostinho favorecia essa ideia, e assim escreve: “Os filhinhos são os recém-nascidos em Cristo; os jovens são cristãos mais desenvolvidos, fortes e vitoriosos na luta espiritual; enquanto que os pais possuem profundidade e a estabilidade da experiência cristã amadurecida”.
3. E preciso observar que João usa duas expressões gregas para filhinhos. No verso 12, ele usa teknia, que “salienta a associação natural entre a criança e seu pai” (Stott) (Ver Mateus 21.28); usa também paidia (v.14), que “se refere à menoridade da criança como alguém sob disciplina” (Stott) (Ver Mateus 19.13,14).
4. v.12,14 a - João escreve aos filhinhos que tiveram os pecados perdoados pelo nome de Jesus, e que por meio de Jesus também passaram a conhecer o Pai (João 14.7).
5. Os pais representavam o segundo grupo de discípulos, a dos mais experimentados, amadurecidos na fé, aqueles que conheciam a Deus, o Eterno (v.13 a).
6. Os jovens, como o terceiro grupo de discípulos, representavam aqueles que, já instruídos na palavra que neles permanecia, eram fortes o suficiente para vencerem o maligno pela própria palavra.

(v.15) Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele;

1. João trata de duas coisas irreconciliáveis: o amor ao mundo e o amor a Deus. Aqueles que nasceram de novo, que eram os discípulos, a quem João escrevia, deviam saber a quem direcionar o seu amor.
2. “Não ameis o mundo nem as coisas que há no mundo”. Mais à frente, João vai dizer que o mundo jaz no maligno, e aqueles que amam o mundo e o que há nele, não tem como ter comunhão com o Pai.
3. Aquele que optar pelo mundo, o amor do Pai não está nele, logo, está perdido e sem Deus no mundo.

(v.16) porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo.

1. João faz uma lista das coisas que há no mundo que não convêm àqueles que professam o nome de Deus. O desejo da carne é a inclinação natural para o erro (Gl 5.16); o desejo dos olhos é “a tendência para deixar-se cativar pela exibição externa das coisas..., Eva viu a árvore..., Acã viu a capa babilônica... e Davi viu Bate-Seba” (Stott cita Dodd).
2. “A soberba da vida = alazoneía tou bíou”. Alazoneía= pretensão, arrogância, fanfarronice. Deriva de alazon= orgulhoso, pedante, jactancioso (Ver Rm 1.30; 2 Tm 3.2). O que o fanfarrão quer mesmo é impressionar.
3. Uma vida de arrogância, de ostentação e de vaidade extremada. Cito apenas Champlin: “Existe aquela paixão egoísta de viver acima dos outros e com conforto e lazer excessivos. Essa paixão conduz a várias formas de ostentação, de impropriedades nas vestimentas e na maneira de viver”.
4. O apóstolo termina dizendo que todas essas coisas que há no mundo,...,não procede do Pai, mas procede do mundo. Quem pratica as coisas próprias do sistema do mundo é mundano. Paulo nos orienta a não nos conformarmos com este mundo (Rm 12.2).

(v.17) Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente.

1. Por que canalizar tanto esforço e tempo com o que é passageiro? Por mais que o homem corra de um lado para outro, a fim de construir riquezas, ele passará. Jesus conta a parábola de um homem que armazenou muito bens, mas ao fim da vida foi-lhe perguntado: “o que tens preparado, para quem será?” (Lc 12.22).
2. Quantos exemplos, de pessoas que levaram a vida em luxo e prazer, mas que o seu final foi apenas desgraça. Jesus nos dá outro exemplo, quando conta a parábola do rico e de Lázaro (Lc 16.19ss).
3. Na parábola do rico e de Lázaro, vemos claramente as duas situações abordadas por João: “o mundo passa”: o rico e o seu luxo passaram; “aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece para sempre”: Lázaro.

PR. Eli da Rocha Silva
Igreja Batista em Jardim Helena - Itaquera

domingo, 14 de junho de 2009

PAULO E A SUA PAIXÃO PELO MINISTÉRIO

PAULO E A SUA PAIXÃO PELO MINISTÉRIO

ATOS 20.17-38


I - A PAIXÃO REFORÇOU A SUA RESPONSABILIDADE.

1. Paulo e o seu testemunho entre os crentes efésios. Ele apela àquilo que eles sabiam do seu procedimento entre eles: “Bem sabeis de que modo tenho vivido entre vós” (v.18). A sua vida era a sua carta, escrita pela tinta do serviço que prestara. O seu apelo era ao conhecimento (epistamai) que tinham dele e da sua atuação no ministério.
2. O ministério é um serviço que se presta a Deus em favor do próximo (v.19). O seu ministério foi marcado pela humildade, que deve ser própria de qualquer escravo, pois é assim que ele a si mesmo se qualifica (douleúon). A KJV traduz tapeinophrosynes “toda humildade da mente”. Isto é, com uma disposição mental humilde. Em outras palavras, Paulo não queria ser mais do que está reservado para um escravo.
3. O ministério paulino foi marcado pelas lágrimas e provações provocadas pela oposição (as quais me sobrevieram pelas ciladas dos judeus).
4. As provocações não foram suficientes e nem maiores que a sua paixão pelo ministério. O apóstolo mesmo diz: “Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa” (v.20).
5. As perseguições promovidas pelos judeus funcionaram como combustível no ministério de Paulo, ao inflamá-lo no testemunho que devia dar e no apelo ao arrependimento, tanto a judeus como aos gregos (v.21). Paulo usava do mesmo poder de argumentação de Pedro, quando este disse que os judeus deviam arrepender-se (Atos 2.38).

II – A PAIXÃO NÃO CEDE AOS APELOS CIRCUNSTANCIAIS

1. O amor pelos irmãos de Éfeso não interferiu na visão de ministério que Paulo nutria em seu coração. Não houve nele um conflito de sentimentos; a obra para qual fora chamado falou mais alto: “Agora, impelido pelo Espírito, vou para Jerusalém”(v.22). Era gostosa a comunhão com os irmãos; deixá-los após três anos (v.31) não seria fácil, mas era extremamente necessário fazê-lo.
2. A saída, a transição de um ministério para outro é sempre uma incógnita, quanto ao sucesso, quanto aos resultados. Razão pela qual o apóstolo diz: “Sem saber o que acontecerá ali” (v.22 b). É preciso muita coragem para fazer a transição. Às vezes somos levados pelo Senhor, a sairmos de um pastorado, que alguns chamariam de ‘zona de conforto’, para outro, que apenas Deus sabe em que vai dar (Aliás, Deus sempre o resultado das nossas escolhas).
3. Mas Paulo não deixaria Éfeso, após três anos de trabalho, sem garantias. Não estou falando de FGTM, INSS recolhido e outras vantagens expendidas pelas igrejas ao ministério pastoral; mas sim, do que ele mesmo nos diz: ‘Deixo a todos vocês com a garantia que me dá o Espírito Santo’ (v.23). Quem não gostaria de deixar o ministério, de um para outro, com as garantias dadas pelo Espírito, e não pela comissão de sucessão pastoral! Mas quais são essas garantias? Paulo as expõe: “O Espírito Santo me disse, que prisões e tribulações me esperam”.
4. Paulo criou, diante dos irmãos, aquilo que deveria ser o bordão do ministério pastoral: “Mas em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”. (v.24). Todos os sofrimentos que viriam ainda sobre o apóstolo, e até mesmo o perigo de morte, só teriam razão de ser se ele completasse a sua carreira e serviço (ministério) para o qual tinha sido designado.

III – A PAIXÃO REFORÇA O CUIDADO PELAS OVELHAS

1. Primeiro, uma nota de certeza e também de tristeza: “Nenhum de vós...jamais tornará a ver o meu rosto” (v.25).
2. A consciência do dever cumprido: “Eu vos afirmo que estou limpo do sangue de todos” (v.26). Por que essa consciência do apóstolo? Ele diz: “Porque não deixei de vos anunciar todo o propósito de Deus” (v.27).
3. Como apóstolo, enviado de Deus para cumprir o ministério da evangelização, Paulo teve preocupações e cuidados para com o rebanho. O seu cuidado começa com os presbíteros: “Tende cuidado de vós mesmos” (v.28). Se o pastor não cuidar de si mesmo, não terá condições de cuidar “de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo o constituiu”.
4. Paulo não estava dizendo com a expressão tende cuidado de vós mesmos, que eles deviam manter os exames médicos em dia, que o colesterol ruim devia ser mantido baixo, que a PA devia ser mantida em equilíbrio, e que o cardiologista e urologista deviam ser visitados periodicamente (Muito embora não se deva descartar tal cuidado!). Ele estava falando de alguns que viriam para perturbar a paz e a tranqüilidade dos líderes e do próprio rebanho Senhor (vv.29-31).
5. Nos últimos momentos com os presbíteros Paulo faz um ato, que chamaríamos de Ato Consagratório: “Agora pois, consagro-vos a Deus e à palavra da sua graça” (v.32). A liderança que ficava em Éfeso precisava do poder de Deus para ser edificada.
6. Paulo falou do seu despojamento no cumprimento do seu ministério (vv.33-35). Por razões particulares, pessoais, Paulo se viu capaz de abrir mão de ser sustentado pela igreja.
7. Paulo reserva para a liderança um momento de muita emoção. Sem qualquer comentário, quero que o próprio texto fale: “Depois de dizer isso, ajoelhou-se e orou com todos eles. E houve grande choro entre todos; e, abraçando Paulo, o beijavam” (v.36-38).


CONCLUSÃO

O ministério pastoral é uma paixão (uma paixão que apavora!). Como apaixonados, não conseguimos viver sem exercê-lo.
Alguns já pensaram em parar; outros, até tentaram.
Ele é paixão para os chamados, mas, é peso e dor para aqueles que se apresentam sem o chamado.
Que nós pastores sejamos sábios na condução do rebanho que o Senhor comprou com o seu próprio sangue (v.28).
Amém

PR. Eli da Rocha Silva 14/06/2009
Igreja Batista em Jardim Helena – Itaquera – São Paulo -SP

sábado, 6 de junho de 2009

APRESENTEMO-NOS COMO VERDADEIROS ADORADORES

APRESENTEMO-NOS COMO VERDADEIROS ADORADORES

Jesus, conforme João nos escreve, definiu o tipo de adoradores que Deus procura; como o texto atravessou o tempo, Ele procurou ontem e continua procurando hoje.

I – ADORADORES COMO ABEL E CAIM

1. A Bíblia nos relata Caim e Abel como os primeiros adoradores que “no fim de uns tempos trouxe Caim do fruto da terra uma oferta ao Senhor...Abel trouxe das primícias do seu rebanho (Gn 4.3,4). Como a oferta de adoração era ao Senhor, coube a Ele avaliar a conduta dos adoradores.
2. Deus teve reações diferentes, porque os adoradores eram diferentes: “Atentou (agradou-se) para Abel e para a sua oferta (v.4), mas para Caim e para a sua oferta não atentou (não se agradou) (v.5).
3. O texto bíblico nos dá uma interessante indicação: “Atentou o Senhor para Abel”. Ou seja, o Senhor olhou fixamente, com atenção, demoradamente para Abel. Da mesma forma foi a reação de Deus para a sua oferta. Naquele ato de adoração, houve dupla aceitação: do adorador e do objeto da adoração ali oferecido.
4. Em relação a Caim, o texto bíblico nos informa que ele não recebeu a mesma atenção de Deus: “Ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou” (v.5).
5. Alguns comentaristas são da opinião que não houve problema quanto ao tipo de oferta apresentada, mas quanto ao tipo de adorador. Conclui-se, portanto, que os adoradores se apresentaram diante de Deus com motivações incorretas.
6. Abel deve ser o nosso exemplo de adorador.

II – ADORADORES COMO OS SALMISTAS

1. Davi adoraria ao Senhor com integridade de alma; seria um adorador por inteiro. A sua motivação partiria do seu interior (Sl 9.1). Foi justamente integridade que faltou em Caim;
2. O verdadeiro adorador deve estar em condições de apresentar-se diante do altar do Senhor (“Lavo as mãos na inocência”); o verdadeiro adorador deve saber por que quer achegar-se ao altar (“Para entoar, com voz alta, os louvores, e proclamar as tuas maravilhas”) Salmo de Davi 26.6,7;
3. Um salmista anônimo nos incita a apresentar a Deus, uma adoração dinâmica e renovada (atualizada). Dinâmica, pela diversidade de instrumentos; renovada, pelos cânticos novos produzidos (Sl 33.2,3). A igreja quando adora também deve ser dinâmica e atualizada.
4. Os encontros de adoração em Israel era uma verdadeira festa; eram usados diversos instrumentos e diversas formas de expressões. No Salmo 81, de Asafe, ele instrui que o cântico seja acompanhado de Adufe (Tamboril=nosso pandeiro); Harpa (Lira); Alaúde (Saltério): instrumento de cordas, precursor da viola; Trombeta (Shophar), feita (o) de chifre de carneiro;
5. Temos ainda outros instrumentos: Buzinas (Sl 98.6); flauta (órgão), Címbalos (Pratos metálicos) e danças (Sl 150). O Salmo 149.3, fala especificamente: “Louvem o seu nome com danças”. A Bíblia anotada traz flauta, mas em nota de rodapé escreve: “No AT a dança era constituída de movimentos rodopiantes, executados por um indivíduo ou por grupos, nuca por casais”. Nós, os crentes de hoje (brasileiros), deixamos a prática das danças por conta dos aspectos culturais. Embora já seja difundido nas igrejas o uso de coreografias e grupos de danças.
6. Jesus é quem melhor define o tipo de adoração e adorador, quando conversa com a mulher samaritana (João 4.23,24).

III – A ADORAÇÃO SEGUNDO JESUS

1. Jesus em conversa particular, diz à mulher de Samaria, a respeito de um tempo novo para os adoradores. Nesse tempo novo, o que oferecer e os instrumentos a serem usados no culto, seriam coisas de menor importância.
2. Fosse a adoração em Gerizim ou Sião não teria a menor importância (João 4.21). Ainda tem crentes com a mesma mentalidade: a adoração perfeita só acontece no templo. Talvez seja a razão de tão poucos nos cultos nos lares (às vezes quase ninguém).
3. Comentando a expressão de Jesus “Mas vem a hora, e já chegou” (4.23), F.F. Bruce, diz: “Aqui temos um exemplo da ‘escatologia realizada’ do evangelista. A vida da era vindoura pode ser possuída e usufruída aqui e agora, o culto da era vindoura pode ser prestado aqui e agora, pelos verdadeiros adoradores, que o adorem em espírito e em verdade, conforme o desejo do Pai”.
4. Aprendemos que fomos criados por Deus, e assim cremos; fomos criados para adorá-Lo (não foi só para encher a terra); Ele quer que O adoremos.
5. Deus parecia cansado de certos tipos de adoradores como Caim e Israel nos dias de Malaquias (1.6-8), e por esta razão Jesus fala à mulher samaritana de um valor perdido, mas que passa a ser a busca de Deus: “os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade, pois o Pai procura a tais que assim o adorem” (v.23).


CONCLUSÃO

Dois mil anos depois, as palavras de Jesus continuam soando em nossos ouvidos com a mesma força.
O interesse de Deus não mudou, a Sua busca não cessou.
Cabe à igreja, na pessoa de cada crente, a apresentação ao Senhor de um coração sincero, o coração de perfeito adorador. A adoração verdadeira deve ser a prática dos santos do Senhor; seja pela música, individual ou coletiva, seja na entrega dos bens, ou a entrega do seu tudo: você mesmo.
Amém.

PR. Eli da Rocha Silva
Igreja Batista em Jardim Helena – Itaquera - São Paulo - SP

quarta-feira, 3 de junho de 2009

REFLEXÕES (5) NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO

REFLEXÕES (5) NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO

CAPÍTULO 2. 7-11


(v.7) Amados, não vos escrevo mandamento novo, mas um mandamento antigo, que tendes desde o princípio. Este mandamento antigo é a palavra que ouvistes.

1. João dá aos seus leitores um tratamento afetuoso, íntimo, que mostrava de fato o que ele sentia por aqueles crentes; ele os chama de “Amados”. Muitas pessoas têm, por viverem o ambiente da igreja, de chamar alguns irmãos de amados.
2. O apóstolo não estava escrevendo a respeito de nenhum mandamento novo, mas antigo; os seus leitores tinham, ou já conheciam desde o princípio da fé cristã; eles aprenderam o mandamento do amor; mas o amor era tão antigo, a ponto de remontar ao princípio de todas as coisas.
3. O mandamento do amor foi ensinado pelo próprio Jesus aos seus primeiros discípulos (João 15.12). Em certo sentido, o mandamento que João leva os seus leitores a refletirem, era novo para eles, mas ao mesmo antigo para o apóstolo, pois fora ensinado pelo próprio Jesus. Em outras palavras, diríamos que João não inovou, mas trouxe à memória dos novos crentes, aquilo que ele mesmo recebera.

(v.8) Contudo é um novo mandamento que vos escrevo, o qual é verdadeiro nele e em vós; porque as trevas vão passando, e já brilha a verdadeira luz.

1. O mandamento é novo na forma como deve ser aplicado e praticado na igreja. O mandamento é verdadeiro, é factual, na Cabeça (Nele) e no corpo (em vós). A igreja deve vivenciar esse novo mandamento (mas antigo) que é o amor.
2. O mundo que vivia em trevas viu brilhar a luz, e esta luz é o próprio Cristo (João 1.4-9). A que veio ao mundo vai brilhando de forma individual em cada crente, pois o achegar-se para a luz é decisão pessoal (João 3.19-21).




(v.9) Aquele que diz estar na luz, e odeia a seu irmão, até agora está nas trevas.


1. A vida na igreja é muito mais que um discurso; alguns podem dizer e até achar que estão na luz, mas é o trato com o irmão quem definirá se estão ou não na luz.
2. Se o ódio é o perverso inverso do amor, o crente odiento é tudo, menos crente. Ele pode ser chamado de crente por ser membro de uma igreja local, mas por ser odiento, está de fato nas trevas, logo, está sem Cristo.
3. Não consigo pensar que haja crentes odientos na igreja.

(v.10) Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há tropeço.

1. A prática ou não do amor parece ser o indicador de quem é mesmo crente ou incrédulo.
2. Quem ama permanece em Cristo, pois Ele é a luz que veio ao mundo.
3. Quem está em Cristo ‘anda bem’ por estar na luz, e não é motivo de tropeço ou escândalo para o seu irmão.

(v.11) Mas aquele que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai; porque as trevas lhe cegaram os olhos.

1. Aquele que aprendeu a respeito do amor, mas que não consegue praticá-lo, por viver uma vida de ódio “está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai”.
2. Nós falamos em ódio, que é uma palavra bastante pesada, pois o próprio João a usou, mas existem crentes rancorosos, de ‘cara’ virada, intolerante sem domínio próprio.
3. Em síntese, podemos dizer que há muitos crentes que, por viverem mais as obras da carne, não conseguem produzir o fruto do Espírito.


PR. Eli da Rocha Silva
Igreja Batista em Jardim Helena - Itaquera