sábado, 28 de novembro de 2009

AS MARCAS DA CARREIRA CRISTÃ

AS MARCAS DA CARREIRA CRISTÃ

GÁLATAS 6.11-17


Na indústria e comércio a marca é tudo. Algumas empresas, mesmo que deixem de operar, conservam a marca para futura negociação. Não se pode abandonar uma marca imediatamente, é preciso fazer uma transição. Novamente: a marca é tudo. Uma boa marca simboliza respeito; a ruim gozação.
Nós também somos levados pelas marcas; lamentamos quando, por razões financeiras e contenção de gastos, por desemprego, temos que abandonar as boas marcas. Pode ser muito grave deixar de comprar o remédio de marca trocando-o por um genérico.
Paulo quis falar de outro tipo de marca aos gálatas; ele falou das marcas que autenticavam o seu apostolado. Não de uma marca que se leva na memória, em canudo (diploma), em referências pessoais, mas no corpo.
O apóstolo parte para o confronto. Parece que ele não tinha nada a perder! Não tinha mesmo, pois ‘o morrer é lucro’ (Fp 1.21). O apóstolo tomou a cruz de Cristo como sua e não fazia questão nenhuma de ‘descer’ da cruz.
A carta aos gálatas teve momentos de acidez; Paulo ‘pegou’ pesado contra os judaizantes, contra os circuncidadores de crentes.
Paulo propõe para si mesmo alguns motivos que marcam a sua profissão de fé.


I - GLORIAR-SE NA CRUZ COMO MARCA DA CARREIRA CRISTÃ (v.14)

1. Fazer um prosélito devia ser motivo de aplausos, de ufanização (gloriar-se). Os fariseus queriam que os gentios fossem circuncidados (At 15.1-5). A circuncisão era uma cirurgia (sem anestesia!) como a cirurgia de fimose.
2. Ser judaizante era a prática de convencer alguém a aderir ao judaísmo, ou apelar à circuncisão para ser salvo.
3. No passado, quando ganhávamos alguém para Cristo, havia um grupo que perguntava ao novo crente se ele foi batizado com o Espírito Santo (com o sinal de falar em línguas estranhas). Coitados dos crentes anteriores aos pentecostalizadores, morreram todos sem o batismo no Espírito Santo!
4. Havia da parte dos proselitistas da galácia um tipo de ostentação (v.12). Possivelmente se achavam melhores que os demais; eram filhos de Abrão, eram todos do pacto.
5. Sendo a circuncisão a forma de ser salvo (At 15.1), o circuncidado deve viver sob a Lei. Mas os próprios circuncidados, que se tornaram circuncidadores não guardavam a Lei de Moisés (v.13).
6. Paulo, que foi cincuncidado ao oitavo dia (Fp 3.5) não tinha por que gloriar-se nisso. Ele mesmo diz: “Longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo” (v.14).
7. Qualquer motivo de alegria, de jubilo e de satisfação seria apenas no caso de vivenciar a cruz de Cristo; vivenciar nele mesmo, Paulo, e através daqueles que fossem alcançados pela mensagem da cruz.
8. Hoje muito pouco se fala da cruz. O assunto principal são quantos apartamentos, carros, dinheiro o indivíduo conseguiu. Há uma pregação de prosperidade sem a cruz. Trata-se da prosperidade apenas para este mundo. Caiu no esquecimento a pergunta da parábola dita por Jesus: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado para quem será?” (Lc 12.20).


II - O SER NOVA CRIATURA COMO INÍCIO E MARCA DA CARREIRA CRISTÃ (v.15)

1. Paulo quer ensinar que a circuncisão cumpriu o seu tempo, teve o seu valor, foi um sinal entre Deus e o seu povo, mas, cumpriu o seu tempo (Gl 5.1-5).
2. O ensino é que em Cristo ter sido circuncidado ou não é de pouca importância (Gl 5.6). Em Cristo foi inaugurado um novo tempo.
3. A marca do novo tempo é ser nova criatura. No novo tempo não há a obrigação de se fazer isto ou aquilo. O novo tempo não é marcado com rituais estabelecidos pela Lei.
4. Quem está em Cristo é nova criatura (2 Co 5.17), assim, Nele ficam abolidos sinais do antigo pacto (circuncisão e sacrifícios).
5. Se a circuncisão fazia um judeu (judaizava); ser nova criatura faz um crente. O novo criado é incluído no corpo de Cristo. Não mais o Israel antigo, cheio de alianças, faça e não faça; agora, o Israel de Deus, composto de judeu e de gentios.
6. A sentença para o novo ser criado é: “As coisas velhas já passaram”. Ficaram para trás os rituais, os cabritos e o sangue derramado no propiciatório. A boa notícia é: “Eis que tudo se fez novo”.
7. A nova criatura não se efetiva pela troca do rosto ou do nome, mas da renovação da nossa mente e da formação de Cristo em nós (Matthew Henry). A nova criatura não muda de endereço, não quebra seus cartões (aprende a usá-los), não despreza os amigos antigos (vê neles a razão do seu trabalho), não troca de matrimônio (faz renovação de pacto).
8. A nova criatura se efetiva na prática de valores novos: bebia (não bebe mais); vivia da prostituição (não vive mais); era cambalacheiro (passa a ter credibilidade); não queriam vê-lo nem pintado de ouro, agora é aceito como barro mesmo, coisa que todos nós somos.



III - LEVAR NO CORPO AS MARCAS DE JESUS COMO MARCA DA CARREIRA CRISTÃ (v.17).

1. É melhor encerrar a carta: “Quanto ao mais, ninguém me moleste”; “De agora em diante”. Não me causem mais problemas. Paulo precisou escrever a carta para combater os judaizantes porque os crentes se deixaram enrolar, e certamente, isso lhe trouxe alguns dissabores.
2. Para os judaizantes, acostumados com marcas externas, o apóstolo poderia mostrar algumas; ele trazia no corpo as marcas de Jesus.
3. Quando Paulo diz não me moleste, ele não está pedindo clemência, não está ‘amarelando’, está apenas dizendo que as marcas que traz no corpo são mais que suficientes para autenticar o seu apostolado.
4. Trazer no corpo as marcas de Jesus não o fazia maior ou melhor que qualquer apóstolo, mas o qualificava para continuar sofrendo pelo seu Salvador.
5. Para quem quer sinais, nada melhor que os sinais da carreira cristã. Mas os sinais, as marcas que Paulo e outros apóstolos levaram sobre si é o que menos queremos.
6. O evangelho atual (pregado por muitos) não fala de marcas, e sim de facilidades. Eu mesmo já incorri em erro, ao pensar que elegendo evangélicos em todas as esferas políticas, o país melhoraria, a corrupção acabaria. Eu estava pensando em facilidades!
7. Paulo não buscava facilidades, ele buscava oportunidades; muitas vezes as oportunidades vêm carregadas de dificuldades (estou fazendo referência ao testemunho cristão).


CONCLUSÃO

A carreira cristã tem sido de tiro curto para muitos, não dura mais que a primeira dificuldade. Não significa que a semente do evangelho não nasceu, é que há muitas pedras no caminho.
Que o evangelho continue sendo a razão de ser e menos a de ter. Como disse Paulo: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1 Cor 15.19).
Que Deus nos abençoe na compreensão das realidades espirituais, num mundo que se dirige apenas pelas questões materiais.
Amém.

PR. Eli da Rocha Silva – 29/11/2009
Igreja Batista em Jardim Helena

terça-feira, 10 de novembro de 2009

QUANDO NOS RESTA APENAS ESPERAR

QUANDO NOS RESTA APENAS ESPERAR

DANIEL 6.1-28


I – DE CATIVO A UMA POSIÇÃO IMPORTANTE NO REINO PERSA

1. Daniel chegou à posição importante na condução dos negócios do reino de Dario (v.2). Daniel foi colocado como um dos três presidentes.
2. Havia em Daniel ‘um espírito excelente’, o que fez com que se destacasse dos demais (v.3).
3. Daniel era fiel e homem sem culpa ou erro (v.4). Não havia como alguém acusá-lo de qualquer deslize ou de infidelidade nas coisas que era responsável.
4. A fidelidade a Deus levou Daniel a ser fiel também com as coisas dos homens, deste mundo.

II – A FIDELIDADE DO SERVO DE DEUS QUE SE DESTACA PODE LHE TRAZER DIFICULDADES TEMPORAIS.

1. Dario intencionava colocar Daniel na posição de primeiro-ministro (v.3). A intenção do rei não foi vista com bons olhos pelos demais (v.4). É bom lembrarmos que Daniel era um estrangeiro na Babilônia (1.1-7).
2. Como os homens do mal não viam do que acusar Daniel, persuadiram o rei, a estabelecer um decreto que, apenas a ele as pessoas poderiam recorrer no espaço de trinta dias (v.7); qualquer que desobedecesse o decreto real deveria ser lançado na cova dos leões.
3. Daniel tinha compromisso de oração com Deus, o que foi usado pelos homens do mal contra ele (v.5). Mas nada mudou a rotina daquele homem de oração (v.10).
4. Como não mudou a sua rotina, Daniel quebrou o decreto real e foi acusado diante do rei Dario (v.11-13).
5. Daniel estava em dificuldades; o decreto real não podia ser revogado (v.8). O rei não teria como favorecer ou ajudar Daniel, embora tentou fazê-lo (v.14). Os homens do mal não saiam da ‘cola’ do rei (v.15).
6. O rei Dario, penalizado, manda prender Daniel, mas antes que ele fosse jogado na cova dos leões, o próprio rei lhe diz: “O teu Deus, a quem tu continuamente serves, que ele te livre” (v.16). Não foi da parte do rei um lavar das mãos como fez Pilatos, mas um desejo sincero do seu coração.


III – QUANDO AS COISAS PARECEM DIFÍCEIS SÓ NOS RESTA APENAS ESPERAR

1. O destino de Daniel parecia selado, assim pensavam todos (v.17), menos para o rei, que muito estimava Daniel (v.18).
2. Dario logo de manhã busca a Daniel, na esperança que o seu Deus, o Deus vivo o tenha livrado dos leões (v.19).
3. Do fundo da cova, Daniel saúda o rei (v.21), e lhe disse o modo como Deus operou em seu favor (v.22). No caso de Daniel, por razões e propósitos divinos ele foi poupado.
4. Daniel foi poupado porque crera em Deus. Muitos outros que também creram não foram poupados, por razões e propósitos divinos (Hb 11).
5. Os acusadores de Daniel pagaram o preço da inveja e da maledicência, tomaram do próprio remédio (v.24).
6. Deus transformou uma situação má em bem, e o seu Nome foi divulgado em todo o Império (v.25-27). A fidelidade de Daniel a Deus fez com que prosperasse até o próximo reinado (v.28)


CONCLUSÃO


Daniel entendeu que nada podia fazer pó si mesmo; ele sabia que não havia nada a fazer, a não ser esperar.
Daniel esperou e Deus agiu em sua vida segundo os Seus propósitos.
Deus também quer agir em nossas vidas, mas sempre, de acordo com os Seus propósitos.
Mantenhamos a nossa fidelidade. Fidelidade foi a marca na vida de Daniel.
Amém.

PR. Eli da Rocha Silva

(Res. Irmã Dusolina – 10/11/2009)

sábado, 7 de novembro de 2009

NOVAMENTE – REFLETIR E PARTICIPAR

NOVAMENTE – REFLETIR E PARTICIPAR

1 CORÍNTIOS 11. 23-34

A noite da Ceia do Senhor sempre abrirá um espaço para a reflexão.

I – A REFLEXÃO COMO UMA HISTÓRIA A SER CONTADA (V.23-25)

1. Paulo repassa aos crentes coríntios o que ele mesmo havia aprendido com o Senhor (v.23). Mesmo tendo aprendido com o Senhor, como o apóstolo diz, na verdade os fatos que ele passará a enumerar eram sobejamente conhecidos. Já havia, pelo menos, 20 anos passados da morte e ressurreição do Senhor.
2. O ponto de referência para se falar da Ceia foi a noite da traição do Senhor. Na última Ceia estavam juntos o traidor e o traído: “Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa” (Lucas 22:21) – disse Jesus.
3. A Ceia e traição (entrega do Senhor) aconteceram na Quinta-feira. Tudo deveria terminar em comunhão, congraçamento. Era Páscoa, os judeus lembravam o livramento de Deus quando ainda no Egito. Mas, Jesus e Judas sabiam: aquela noite seria noite de trairagem.
4. A história segue a sua cronologia: primeiro o pão, depois, o cálice (MT 26.26,27). Mas a participação não é feita de qualquer jeito, de qualquer maneira. Não se pode tomar dos elementos sem antes dar graças (1 Co 11.24,25 – Lc 22.17,19). Há mais que motivos para ser dar graças. É possível que alguém já não entenda a Ceia por que já não entende o que é ser cristão; esse na verdade, não passa apenas de um comensal.
5. Jesus pede aos seus amigos algo que gostamos em relação aos nossos amigos; em outras palavras seria: Não se esqueçam de mim. Para não cair no esquecimento o pedido do Senhor da Ceia, Lucas e Paulo deixam a expressão registrada.

II – A REFLEXÃO SOBRE A RAZÃO DE TOMAR DOS ELEMENTOS (V.26)

1. A Ceia do Senhor trazia pontos de reflexão. O discípulo deve pensar no que está fazendo ao participar. A reflexão não cai em coisas menores tais como, a origem do trigo que fez o pão ou há quanto tempo está armazenado o vinho. No nosso caso, se o pão é Pullman ou Panco, se o vinho (suco de uva) Salton ou Uvete.
2. A reflexão deve levar o participante até os pés da cruz, pois nela estava o pão e dela descia o vinho: o corpo e o sangue de Jesus. Qualquer pensamento fora disso mostrará que o discípulo já não consegue ter na memória a razão do sacrifício do seu Mestre.
3. Nós que não temos o dom de evangelista devemos ficar mais que felizes em podermos participar da Ceia; a Ceia é anunciação. Quando participamos evangelizamos, somos mensageiros (kataggellete) do que Cristo fez por nós.
4. Se alguns entre nós já têm esquecido o que Cristo fez, não nos custa lembrar: Ele morreu para remissão dos nossos pecados. A sua morte foi sacrificial (isto é, teve um real significado) e vicária (isto é, fez em nosso lugar).
5. Quem já havia esquecido, lembrado está; estando bem, pode participar.


III – A REFLEXÃO COMO FATOR DE IMPEDIMENTO PARA QUEM NÃO SABE O QUE FAZ

1. Jesus nos ensinou os pormenores da Ceia; Paulo nos lembra a história da Ceia. Ele nos fez entender cada elemento representativo do seu corpo. Nos pormenores, entendemos que aqueles que participam do corpo na ceia, participam porque já foram alcançados pelo pão que veio do céu; nas lembranças, a obrigação de sabermos por que lançamos mão dos elementos.
2. Jesus toma o pão e o cálice, o seu próprio corpo e sangue que são dados em favor dos discípulos (1 Co 11.24). Os discípulos foram aqueles, somos nós, e serão outros amanhã.
3. Há uma implicação grave em torno da participação. Paulo fala a respeito de se tomar dos elementos indignamente (anaxios). Indignidade sentiu o filho pródigo ao refletir a respeito de si mesmo: “Já não sou digno – oukéti eimì áxios” (Lc 15.19.
4. A implicação de se participar indignamente, sem discernir o corpo: “Será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor (v.27); come e bebe para sua própria condenação (v.29)”.
5. A igreja reunida se rende a um momento de celebração. A comunhão não se dá tão-somente por se estar junto, mas por esperar uns pelos outros (v.33).
6. Quando falamos igreja, estamos nos referindo àqueles que são do corpo, que são de Cristo, que têm o mesmo DNA espiritual. Nesse aspecto a Ceia é excludente. Mas a Ceia, por ser proclamadora, chama todos a uma inclusão no corpo de Cristo.

CONCLUSÃO
Que a igreja possa entender, e discernir cada ato da ceia do Senhor.
Que possamos participar com entendimento.

Pr. Eli da Rocha Silva
IBJH 08/11/2009