sábado, 27 de março de 2010

ENCERRAMENTO TRIMESTRE MISSÕES MUNDIAIS

POR CRISTO VOU ATÉ OS CONFINS DA TERRA

Mateus 28.19; Marcos 16.15; Atos 1.8

Não é menos que o mundo que Jesus espera que seja evangelizado.
Não é menos que os confins da Terra que devemos alcançar com a força e o poder do evangelho.
Jesus não nos manda fazer o que Ele mesmo não tenha feito. Deixar um lugar para ir a outro foi o que Jesus disse de si mesmo: “Glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” (João 17.5).
Para estar no mundo, Jesus mesmo fez aculturação: “tomou a forma de homem” (Fp 2.7).
Por que devo ir até os confins da Terra? Porque foi assim que Jesus disse que deve ser. Estou a ir até os confins da Terra por Cristo? Como posso cumprir esse Ide de Jesus em minha vida? Pelo menos de três maneiras:

I – INDO ATÉ OS CONFINS DA TERRA, INDO MESMO.
1. Indo, de modo literal. Deixando tudo para falar de Cristo em um lugar que ainda não conhecia.
2. Deixar tudo para trás porque fui chamado para isso. Deixar trabalho, amigos, parentes, profissão, namoro, noivado, ou qualquer outra coisa que lembre presente e futuro.
3. Muitos foram, e muitos têm ido para outras nações, para os confins da Terra. Em Atos 7 temos o martírio de Estevão, marcando a presença de Saulo. Em Atos 9 temos a conversão de Saulo. Em Atos 13 temos Saulo sendo enviado para o campo missionário.
4. Temos também exemplos de outras pessoas que deixaram as suas pátrias para serem missionários entre outras nações; indo por Cristo até os confins da Terra. Willian Carey, americano, missionário batista, que dedicou 41 anos de sua vida na Índia. James Hudson Taylor, inglês, de família metodista. Quando Hudson tinha apenas cinco anos, ele disse ao seu pai: “Quando eu crescer serei um missionário na China”. Em junho de 1849, aos dezessete anos, ao ler um folheto escrito pelo seu pai acerca da obra de Cristo, Hudson compreendeu o plano da salvação, e como resultado, entregou sua vida a Jesus. Neste mesmo ano, sentiu a chamada do Senhor para trabalhar como missionário na China. No dia 19 de setembro de 1853, com 21 anos, e associado à Sociedade de Evangelização Chinesa, Hudson Taylor partiu para a China.
5. O casal de missionários batistas norte-americanos, Willian Buck Bagby e Anne Luther Bagby chegaram ao Brasil no dia 31 de agosto de 1882; Zacharias Clay Taylor e Kate Stevens Crawford Taylor (já residentes), no dia 15 de outubro, organizaram a PIB do Brasil com 5 membros; os dois casais de missionárias e o ex-padre Antônio Teixeira.
6. Estes são alguns exemplos de pessoas que deixaram tudo em função da chamada e a compreensão de ir até os confins da Terra, indo.

II – INDO ATÉ OS CONFINS DA TERRA, ATRAVÉS DA ORAÇÃO.
1. Muitos gostariam de ir mesmo; talvez isso seja para alguns o sonho não realizado.
2. Na Grande Comissão Jesus mandou que os discípulos fossem. Ou melhor, ele disse: “Indo, façam discípulos de todas as nações”. Temos que pensar a expressão indo da seguinte maneira: do seu ponto inicial, evangelize; entre a saída e a chegada, evangelize; chegando, evangelize.
3. Muitos são evangelistas apenas no ponto inicial, isto é, no local onde estão inseridos. Mas, já que não podem ir, ultrapassando os limites do ponto inicial, assumem o ministério de missionários de intercessão.
4. Paulo, como missionário que teve o privilégio de ir, não prescindiu dos missionários intercessores, aqueles que ficaram, pois não puderam ir. Paulo disse aos efésios: “Orem também por mim, para que quando eu falar, seja-me dada a mensagem a fim de que, destemidamente, torne conhecido o mistério do evangelho” (Ef 6.19).
5. A oração é ferramenta de fazer missões. Quando oramos, fazemos parte de um grande contingente de missionários que intercedem em favor dos que estão nos campos (de batalhas).
6. Muitos podem dizer: não posso ir (Por que não podem mesmo). Mas, muitos também podem dizer: posso orar.
7. Muitos que ouviram Jesus falando na grande comissão, não ultrapassaram os limites de Jerusalém; alguns deram uma ‘esticadinha’ até Samaria; outros, não saíram dos limites da Judéia; e, ainda outros, puderam deixar tudo para ir até os confins da Terra. O que os fez iguais, é que todos cumpriram a grande comissão.

III – INDO ATÉ OS CONFINS DA TERRA, ATRAVÉS DA CONTRIBUIÇÃO.
1. No tópico anterior eu disse que muitos não puderam ir, mas puderam orar. Embora é bom que se diga que de uma forma ou de outra todos vão.
2. Quem não vai, literalmente, por Cristo até os confins da Terra, vai pela oração e pela contribuição.
3. A palavra contribuir causa arrepios em alguns; ‘nunca na história deste país’ se falou tanto em contribuição; basta-nos ligar o rádio ou a TV que já temos para quem contribuir.
4. Na igreja não se escapa de ouvir sobre contribuição; são os dízimos, ofertas voluntárias, ofertas especiais, ofertas de construção, etc. Temos hoje, como entrega especial a minha contribuição para Missões Mundiais.
5. Contribuir com missões não é uma invenção da nossa JMM. De alguma forma a igreja do primeiro século sustentava os seus missionários. Jesus mesmo disse aos discípulos que foram enviados, que não levassem nada “pois o trabalhador é digno do seu sustento” (Mt. 10.10).
6. Nós todos ficamos emocionados quando conhecemos um jovem, ou alguém que vai cumprir o seu chamado; ele vai para o campo na certeza que o ajudaremos.
7. Os que estão nos campos precisam da nossa contribuição; uma contribuição movida pelo amor por missões e pelas almas perdidas.

CONCLUSÃO

Que possamos fazer parte do projeto chamado Grande Comissão.
Alguns vão mesmo;
Outros não vão, mas são missionários intercessores (e contribuem);
Ainda outros, como parceiros, oram e contribuem para bênção dos que foram.
Assim, todos nos cumprimos o tema da JMM: Por Cristo vou até os confins da Terra.
Amém.


Pr. Eli da Rocha Silva
Igreja Batista em Jardim Helena - Itaquera – São Paulo – SP 28/03/2010
IGREJA – UNIÃO DE MEMBROS EM COOPERAÇÃO
E NÃO
GRUPO DE PESSOAS EM COMPETIÇÃO
1 CORÍNTIOS 12.12-26

1. Para que a igreja sobreviva (e vai sobreviver), precisamos detectar em que pontos ela erra: falo da igreja local.
2. A igreja sobreviverá, embora muitos façam de tudo para a sua morte.
3. A igreja sobreviverá, a despeito de quem eu seja ou faça. É certo, que haverá alguns prejuízos se houver uma tendência a serviço do erro.
4. A igreja será muito melhor do que é, quando eu compreender que sou importante porque sou apenas cooperador.
5. Mas a cooperação é em unidade (“Da multidão dos que creram era um o coração e a alma” At 4.32). Dá para imaginar uma pessoa de duas almas? Tiago imaginou, e chamou o tal de dipsiche (Tg 1.8).
6. A igreja, da multidão de um só coração e alma, teve baixas em sua membresia. Ananias e Safira ‘eram uma só alma’ quando na multidão; no entanto na intimidade do lar, quando se dizia respeito aos seus próprios interesses, deixaram de ser. Ele em ‘acordo’ com sua mulher (At 5.2), decidiram quebrar a unidade na multidão (igreja).
7. A quebra da unidade trouxe ao casal um prejuízo imediato, no caso, pagaram com as suas próprias vidas (v.5, 10).
8. Ananias e Safira quebraram o princípio de cooperação que havia na igreja. Todos cooperavam para que não houvesse necessitados na multidão, na igreja.
9. E quando fazemos da igreja uma arena? Quando pensamos e agimos como competidores. O princípio passa a ser: o importante é competir. O importante é rivalizar.
10. Entendendo que a igreja deve buscar crescer em cooperação e não em competição, Paulo escreveu o presente texto aos coríntios. Ele disse que Deus coordenou o corpo para que não houvesse divisão, mas sim, cooperação (v.24, 25).
11. A igreja que entende o ensino paulino, faz festa em casamentos e chora em velórios; a sua dor é minha e a minha festa é sua, e vice-versa (v.26).
12. Acreditem se quiser! A maioria da igreja vive no céu; um pequeno número é capaz de transformar a vida na igreja em um verdadeiro inferno. Mas, graças a Deus, os que vivem a igreja-céu não são contaminados.
13. Sendo possível que se pense a igreja dois grupos: dos que vivem o céu na terra e dos que fazem do céu o próprio inferno na terra, a pergunta é: pertenço a qual grupo?
14. Essa preocupação não é nova, pois Paulo escreve duas cartas aos coríntios, no primeiro século.
15. Paulo escreve também aos efésios, para que eles soubessem viver em comunidade (Ef 5.15-21).
16. Paulo não tencionava a busca da comunhão com base nos que as pessoas eram, mas com base no que elas criam (“por temor a Cristo” v.21). Quem tem dificuldades com o irmão, deve viver em sujeição, ‘por reverência a Cristo’.
17. É interessante notar que o imperativo (NVI), ou gerúndio (ARA) indica mutualidade; assim, todos são sujeitos a todos.
18. Certo comentarista chega a dizer: “A atitude hostil para com estas atividades, ou uma atividade de indiferença ou da assim chamada neutralidade, mostra que no indivíduo a quem isto seria aplicado o Espírito não habita”.
19. Não é o nosso caso. Quero acreditar que todos entre nós têm o Espírito Santo. Por termos o Espírito não podemos viver fora das aspirações do Espírito, que são o uso correto dos dons espirituais e o Seu fruto em nós.
20. Não é sonho; é real. A igreja deve viver no mundo como se dele não fosse.


Pr. Eli da Rocha Silva 28/03/2010
Igreja Batista em Jardim Helena – São Paulo - SP

sábado, 20 de março de 2010

A IGREJA QUE É, PORQUE SAIU; A IGREJA ESTANDO E A IGREJA PARTINDO


I – A IGREJA QUE É, PORQUE SAIU (GN.12.1)
1. A palavra igreja tem características notáveis para que possamos entender o que ela mesma é. Igreja e a junção de uma preposição e um verbo: “ek”, (preposição que indica origem – o ponto de onde uma ação ou movimento procede), e “kaleo”, (verbo - chamado, convocado), daí “EKKLÉSIA”.
2. Igreja, portanto, trata-se do grupo de pessoas que foram chamadas de um ponto para o outro. O ponto inicial é a própria estadia no mundo, participantes dele como um sistema de coisas.
3. O nosso texto escolhido para representar a saída não é um pretexto, mas sim, uma figura do que representaria a nossa atitude para a formação da própria igreja.
4. Deus disse a Abrão: “Ande para fora (sair) do meio da tua parentela”. Ele foi convocado a sair de onde estava; sair da terra, sair do meio dos parentes e sair da casa do pai (“καὶ εἶπεν κύριος τῷ Aβραμ ἔξελθε ἐκ τῆς γῆς σου καὶ ἐκ τῆς συγγενείας σου καὶ ἐκ τοῦ οἴκου τοῦ πατρός σου εἰς τὴν γῆν ἣν ἄν σοι δείξω”) (Gn 12.1 LXX).
5. Tudo o que Abrão foi intimado a deixar para trás, representava abandonar o passado para estabelecer-se dentro dos propósitos que Deus tinha para ele. Sem deixar o passado não é possível estabelecer o futuro.
6. Como Abrão saiu, os que querem participar da igreja devem sair (ek) quando forem chamados (kletos). Não é possível ser algo novo sem o abandono do que é velho. Quando alguém resiste em deixar as coisas velhas, o resultado é que não consegue viver plenamente o novo.
7. Atendendo ao chamado (kletos) de Deus, Abrão se colocaria na posição de abençoador de nações. Da mesma forma os crentes, ao saírem do mundo, participando da formação da igreja (reunião de pessoas), passam a ser bênção para muitos outros.
8. Deus propõe a Abrão a possibilidade de ser abençoado e também de ser bênção. Mas, para que isso fosse real, Abrão devia sair (ek), deixar cair as amarras do que o afastava dos propósitos de Deus.
9. Como Abrão, que é Abraão, os da igreja deixaram o mundo para ser bênção para os outros, para as nações, para os vizinhos e os amigos (e também para os não amigos).

II – A IGREJA ESTANDO, MAS NÃO SENDO (JOÃO 17.14-18).
1. Se de um lado, foi preciso sair para ser; de outro, é necessário ficar para fazer. Não se trata de um contrassenso, um disparate, um absurdo, mas de uma realidade. Vimos Abrão saindo de algo que representava o velho mundo.
2. Veremos a proposta de Jesus para os discípulos, que é também para a igreja, é justamente no fato deles continuarem no mundo. E é assim que acontece: a igreja foi tirada do mundo, mas ao mesmo tempo, precisa ficar no mundo.
3. A igreja só tem sentido como igreja pelo fato de continuar no mundo. Mesmo que igreja signifique ‘o grupo dos chamados para fora’, ainda é aqui que ela presta o seu serviço; ainda é aqui que ela faz as coisas acontecerem.
4. Jesus não deixou os discípulos confusos com a questão do ‘estar, mas não ser’. Da mesma forma, a igreja não fica confusa com este ‘estar, mas não ser’. A igreja continua aqui, pois existem coisas ainda por fazer. Não foi plano de Deus fazer uma ‘parousia individual’, imediata, instantânea, do tipo: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”.
5. A igreja ainda está aqui porque faz parte de um processo, de um propósito que Deus tem para o mundo. Disse Jesus: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo” (v.17) (Comparar com Mateus 28.19 e Atos 1.8).
6. Todo o processo de salvação do mundo tem início no próprio Deus (João 3.16); tem o seu cumprimento em Jesus, através da morte (Lucas 23.46) e da sua ressurreição (Lc 24.46,47), e tem continuidade no ministério que é entregue à igreja (eu e você) ("Para que a multiforme sabedoria de Deus seja agora dada a conhecer por meio da igreja aos principados e potestades nos lugares celestiais" Efésios 3:10).
7. Jesus na sua oração intercede pelos discípulos e pelos demais que participariam da igreja (v.20). Jesus tinha um desejo que só poderia ser atendido pelo Pai: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (v.17).
8. Os santificados são os mesmos que foram chamados para fora. Termos sido chamados para fora, implica em dizer que nada de lá trouxemos. Quando Jesus chamou Lázaro para fora do túmulo, deveria ser desprendido de tudo que lembrasse que já estivera morto; ele não guardou com carinho as aturas que o envolveram.
9. Quero dizer com muita tristeza! Ainda tem muito crente vivendo atado ao velho túmulo. Há muitos crentes ainda destilando o líquido mortuário, o liquame o necrochorume, quando dizem em relação aos seus irmãos: ‘não gosto do irmão tal, se ele for eu não vou, diga quem vai para ver se vou, etc.
10. Precisamos entender que estamos no mundo, mas não somos do mundo (v.16).

III – A IGREJA DOS QUE SAÍRAM, FICARAM, MAS PARTIRÃO.
1. Como fez Abrão, que saiu do mundo da sua época, a igreja também fez o mesmo. A igreja continua ainda por um pouco de tempo no mundo, e deve cumprir fielmente a sua obrigação: dizer ao mundo que só Jesus salva.
2. Estando ainda no mundo, a igreja podia sentir-se solitária, abandonada, desprotegida e sem saber para onde ir. Para que ela não sofresse isso. Pois o seu sofrimento seria outro, Jesus disse aos discípulos que não turbassem os seus corações (João 14.1).
3. Jesus, que por muitas vezes esteve só, e entendendo o quanto é dramático o estar só, disse que a sua ausência seria por pouco tempo: “Virei para vós e vos levarei para mim mesmo”; “Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós” (João 14.3,18). Parte da promessa se cumpriu com a vinda do Espírito Santo.
4. A igreja, que não veio para ficar, espera ansiosamente que se cumpra o tempo da sua peregrinação. A igreja espera com alegria ‘ansiosa’ a vinda do seu Senhor. Assim como a noiva aguarda a chegada do seu amado, a igreja espera que venha o noivo.
5. Entretanto, a igreja-noiva não deve aguardar o noivo de qualquer jeito (2 Co 11.2). A igreja-noiva espera o amado com vestes puras e se apresenta bem adornada (Ap. 19.7,8).
6. Também é preciso dizer, que a igreja-noiva não deve se perder, atrapalhar-se com o tempo; ela deve apressar-se para estar no tempo exato da chegada do noivo. Quando chegar o noivo não haverá mais tempo para buscar os adornos, as águas de cheiro, o embelezamento da face (É prática corrente a noiva atrasar-se; não sei se é influência das cinco virgens loucas - Mt. 25.11-13).
7. A igreja, que é a noiva, saiu do mundo; continua nele; mas espera, pronta, ativa e vigilante a hora de deixá-lo. E ela vai sem sentir saudades do que deixou para trás. Não há por que lembrarmos o que deixamos para trás.
8. A igreja-noiva que vai com o seu amado Cristo é multirracial, é de todas as línguas. Ela é não-denominacional. Ela é igreja, ela é corpo. Por ser corpo há de unir-se ao seu amado, há de unir-se a Cristo, a cabeça da igreja.
9. A igreja que saiu, ficou, partirá. É possível que alguém da igreja deixe de ir? É possível que alguém da igreja fique? Não, não é possível. Ficarão sim, aqueles que andaram com a igreja, que até são achados no seu rol de membros, mas que de verdade não fizeram parte da igreja. A igreja não sofre mutilação; o corpo todo subirá para encontra-se com a cabeça da igreja, Cristo.

CONCLUSÃO

A igreja saiu do mundo porque atendeu o chamado para sair.
A igreja ainda está no mundo porque faz parte do único projeto de salvação da humanidade.
A igreja é o grupo daqueles que deixaram o inferno para seguir rumo ao céu.
A igreja é o grupo dos salvos que espera com alegria ‘ansiosa’ a chegada dAquele que a resgatou para si mesmo: Jesus Cristo.


Pr. Eli da Rocha Silva
Igreja Batista em Jd. Helena 21/03/2010

terça-feira, 16 de março de 2010

MOSTRANDO A VERDADE DA NOSSA FÉ

Tiago 1.2-5

“Mas eu sei em quem tenho crido”. É possível que nós todos possamos dizer o que Paulo disse sem medo de errar. É preciso que saibamos mesmo em quem temos crido, pois as coisas que têm acontecido nos últimos dias podem ou não fortalecer a fé a alguém.
De um lado temos os problemas naturais da vida; de outro, aqueles que nós mesmos procuramos ou nos deixamos levar.
Nós vivemos em mundo avesso ao ensino bíblico; digo tão somente a respeito do mundo evangélico, chamado cristão.
Tiago deve ser tido, por muitos, como um escritor antiquado. Para os crentes de hoje, o que importa mesmo é se dar bem em todas as situações; não estou falando de se levar vantagem, mas de não admitir que algo possa dar errado na vida do crente.
Se Tiago pregasse o evangelho hoje, morreria de vergonha com tanta coisa que tem acontecido no meio chamado evangélico.
Se Tiago pregasse hoje, talvez nem público teria, pois o que ele nos ensina nos versículos desse texto foge totalmente ao que muitas pessoas buscam.

I – PARA MUITOS, TIAGO SERIA O APÓSTOLO DO MASOQUISMO (v.2)

1. “Tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações” (v.2). Para muitos, o ‘passardes por várias provações’ é conseqüência de pecados. Hoje, Paulo seria considerado um pecador (embora fosse, como todos nós somos), pois sofreu em muitas circunstâncias.
2. Mas para Tiago, acontecendo de alguém passar por várias provações, seria motivo “de toda alegria”. É interessante que não se trata de uma alegria simples, comum, mas de uma alegria em toda a sua plenitude.
3. Sendo ele completo na ‘alegria’, é também nas provações, pois diz ‘por várias provações’. Confesso que não é fácil passar por tais situações na vida. Mas o ensino é que algum fruto há de vir por conta das dificuldades.
4. As aflições que Jesus disse que teríamos (João 16.33) podem nos acontecer naturalmente porque vivemos, ou porque professamos a nossa fé; mas, qualquer que seja a causa da aflição, não deve ser motivo de nosso desânimo e desistência, mas de alegria (Atos 5.41).

II – NÃO É SEM RAZÃO QUE TIAGO FALA DA ‘TODA ALEGRIA NAS PROVAÇÕES’(v.3).

1. Tiago quer falar a respeito de fé. Ele alia provação e fé. É possível pensarmos em como ter uma fé nunca provada? Há como sabermos sobre a fé sem a vermos sendo provada? Na verdade queremos apenas a boa parte: a fé.
2. Tiago está falando aqui de uma fé resistente, que não se deixa vencer pela própria dificuldade. Fala da fé, que vencida as provações, chega a um determinado lugar, que ele chama de ‘uma vez confirmada’(v.3).
3. A fé que fez chegar, independente dos traumas do trajeto, agora confirmada, estabelecida, enraizada, coloca o crente em um patamar chamado ‘perseverança’.
4. A perseverança é coisa própria dos que chegam lá, pois pela fé, venceram as provações. Ninguém mais fala em provações, mas só em facilidades que a fé deve proporcionar (O carro, o apartamento, as ações em empresas, o pastorado bem sucedido, os filhos nas melhores universidades).
5. Os heróis da fé são uns fracassados. Hebreus 11 para muitos deve ser motivo de piada. Ao invés de ‘heróis da fé’, o capítulo deveria ser chamado de ‘os fracassados na fé’.
6. Para Tiago não, a fé, as provações, a perseverança, eram coisas que lapidavam o caráter cristão.


III – PARA TIAGO, OS MOMENTOS DIFÍCEIS SÃO O CAMINHO DA PERFEIÇÃO (V.4).

1. Quem não gosta de perfeição! Nós nos admiramos quando fazemos algo bonito. Quando possível, mostramos a todos o que nós mesmos realizamos. É assim que entende Tiago o que escreve.
2. Na trilha que somos encaminhados pela fé até a perseverança, parece-nos ser apenas uma parte do percurso, pois ‘a perseverança deve ter ação completa’. Quem perseverou metade do caminho, não perseverou.
3. Quando por alguma razão passarmos por provações, e perseverarmos até o fim (ação completa), teremos como resultado na vida cristã a perfeição. Tiago não quis ensinar que apenas com as provações nos tornamos perfeitos, mas que, se formos provados, todas as coisas podem trabalhar em favor da nossa maturidade cristã.
4. Há muita gente imatura no meio cristão. Conversando sobre ‘discussões’ pentecostais, eu disse que o que vejo em muitos crentes é um ‘retorno à infantilidade’ (1 Co 3). Existem muitos cristãos que nunca buscarão ser melhores; e pior, conseguirão continuar na mesmice.
5. Tiago tinha o desejo que os cristãos das doze tribos espalhas pelo mundo (v.1), fossem todos íntegros, completos, sem falta alguma. Assim como Jó, que não tinha nada do que pudessem acusá-lo, nem mesmo o Diabo.
6. Tiago diz que a ação completa da perseverança nos faz perfeitos e íntegros, em nada deficientes. No trato com a vida cristã, em que temos mostrado deficiência? Se é que somos maduros a ponto de vermos em nós alguma deficiência.
7. Se nós temos falta de alguma coisa é porque não pedimos a Deus. Se não temos sido sábios quando devíamos ser é porque não pedimos a Deus, ‘que a todos dá liberalmente e nada lhes lança em rosto’ (v.5).

PR. Eli da Rocha Silva OPBB/SP 2036
Igreja Batista em Jardim Helena – Itaquera – São Paulo – SP 16/03/2010