sábado, 27 de fevereiro de 2010

O EVANGELHO E O EVANGELIZADOR

1 CORÍNTIOS 9.16, 23, 26, 27

Uma reflexão baseada na compreensão que o apóstolo Paulo tinha da sua chamada e da sua obrigação na obra de evangelização.

I – A EVANGELIZAÇÃO COMO UM DEVER (V. 16)

1. O apóstolo compreendia a evangelização como uma obrigação baseada no seu chamado e na sua vocação; ele foi chamado para evangelizar. Não tinha tempo ruim, o negócio era evangelizar ‘a tempo e fora de tempo’ (2 Tm 4.2).
2. Raymond Bryan Brown (Com. Broadman pg 401) escreve: “Um chamado imperioso havia se apoderado dele, e uma compulsão interior o impulsionava a pregar”.
3. Como pregador do evangelho ele diz em relação a si mesmo: “Se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar”. Pregar não é matéria de jactância (Morris); pregar é matéria de temor, pois falamos de coisas excelentes, que fogem muitas vezes da nossa compreensão e acuidade (capacidade de chegar a uma conclusão).
4. Quando Paulo diz ‘sobre mim pesa essa obrigação’, não está havendo da parte dele nenhuma reclamação e nenhuma atitude de desaprovação com as lides ministeriais, mas, apenas fazendo uma constatação que fora chamado para isso mesmo. Como embaixador de Cristo ele poderia dizer: “Se assim não for, para que nasci?”.
5. Não é que Paulo não servia para mais nada, pelo contrário, Deus chamou alguém que podia muito, para ser um evangelizador. O ministério não é o lugar dos que acham que não servem para mais nada.
6. “Ai de mim se não pregar o evangelho!”. A Chave Lingüística do NT Grego traz que: “oùaí – ai! Uma interjeição denotando dor ou desprazer”. Sendo a evangelização a sua obrigação, havia no apóstolo uma consciência de que estaria sujeito a algo perigoso, caso não levasse a cabo o seu cumprimento.
7. O chamado tem obrigação diante de Deus. O chamado não trata as coisas de Deus como coisa de menor importância. Já o outro, aquele que não é chamado, está pouco ligando sobre o que Deus pensa ou não; não há nele uma expectação de juízo; ele quer mesmo é se dar bem (Qualquer crente normal sente vontade de vomitar quando se lembra da oração da propina!).

II – A EVANGELIZAÇÃO COMO UM PRIVILÉGIO (V. 23)

1. Paulo tinha verdadeira fixação pelo evangelho, a ponto de dizer: “Tudo faço por causa do evangelho”. ‘Tudo’ é o tudo dos versos anteriores: “Porque, sendo livre de todos, fiz-me escravo de todos” (v.19); “Procedi, para com os judeus, como judeu” (v.20); “Aos sem lei (gentios?), como se eu mesmo o fosse” (v.21); “Fiz-me fraco para com os fracos” (v.22a); “Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns” (v.22b).
2. O que disse Paulo não deixa nenhuma margem para pensarmos que ele era condescendente, que ele se amoldava a qualquer situação, que ele abria mão dos preceitos da Palavra, para de algum modo ter trânsito entre as pessoas. Brown (já citado) interpreta Paulo assim: “Quero deixar bem claro que não me tornei culpado de usar de expedientes tortuosos. A minha adaptação nunca abalou ou pôs em cheque a minha dedicação; o meu objetivo é entender a dedicação dos outros. Um crente que ama os outros tem a liberdade de empregar o seu amor de formas que mostrem que ele realmente se preocupa com os outros o suficiente para se esforçar no sentido de entendê-los e apreciá-los. Exercito o meu amor em liberdade e a minha liberdade em amor apenas por uma razão: por causa do evangelho” (pgs 402-403).
3. Se a pregação é uma imposição (por conta do chamado), ela é também um privilégio; o privilégio da participação (synkoinonós) no evangelho com os demais. Como nos alegramos com o crescimento do nosso irmão! Quando ele começa a se desenvolver na participação da igreja local, dando de si nas diversas atividades que a igreja requer dele. Isso é parte dos privilégios da participação das coisas comuns a todos os crentes; coisas essas alcançadas somente através do evangelho de Cristo.
4. Paulo sabia da responsabilidade que tinha com o evangelho, mas também sabia o que queria em relação ao evangelho. O apóstolo não corria atrás das vantagens materiais que podem ser conferidas pelo evangelho (v.14); também não corria atrás do status pastoral ou missionário (foi-se o tempo desse status!) (v.16).

III – A EVANGELIZAÇÃO COMO NORTEADORA DE ATITUDES (V. 26, 27)

1. Paulo busca na disposição e na fixação de um atleta pelo prêmio, o ânimo que precisa dar aos seus leitores: “Correi de tal maneira que o alcanceis” (v.24).
2. Tal exortação era também para si mesmo: “Assim corro também eu, não sem meta” (v.26 a). Paulo não batalhava pelo evangelho sem uma razão, sem saber por que estava nessa luta; ele estabeleceu para si uma meta, um alvo.
3. Paulo não era um atleta atabalhoado, sem coordenação motora; não era uma espécie de zagueiro que chuta para o lado que indica o nariz. Não! Diz ele: “Assim luto, não como desferindo golpes no ar”. (Ele não era um boxer depois do 10º round).
4. Por saber o que queria e para onde ia, o apóstolo busca a autodisciplina vista nos atletas: “Mas esmurro o meu corpo” (v.27). Não era autoflagelação que fazia o apóstolo. Assim como sofre o atleta nos treinamentos, que precisa de disposição física e mental, Paulo buscava a mesma disposição para trabalhar bem na causa do evangelho.
5. O apóstolo reduzia o seu corpo ‘à escravidão’. Ele conduzia com pulso firme as suas próprias inclinações para alcançar o fim almejado. Quais são as nossas inclinações naturais? Talvez sejam: sossego, preguiça, sombra e água fresca, e etc.
6. Rienecker e Rogers (Chave Lingüística já citada) escrevem o seguinte sobre hupopiazo (esmurrar) e doulagogo (guiar à escravidão): “Os dois verbos dão um quadro do atleta que faz de tudo para disciplinar a si mesmo e manter seu corpo sob rigoroso controle, a fim de que possa servir, e não atrapalhar, na conquista de seus objetivos”.
7. Paulo não queria ser como o atleta que, depois de fazer todas as coisas é desqualificado, reprovado. Não queria ser um pregador que ganha muitos para o Senhor, mas na hora da premiação ficar à margem, olhando cabisbaixo, ressentido, para os que recebem o prêmio.

CONCLUSÃO

Que possamos fazer todo o nosso possível pela causa do evangelho.
Que sejamos participantes no dever, nos privilégios e que o evangelho seja o norteador das nossas atitudes.



PR. Eli da Rocha Silva Igreja Batista em Jd. Helena - 28/02/2010

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