quarta-feira, 6 de maio de 2009

REFLEXÕES NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO (2)

REFLEXÕES NA PRIMEIRA CARTA DE JOÃO (2)
Capítulo 1. 6-10

Acho interessante a forma que João escreve a sua carta, quando ele usa de modo insistente a palavra‘se’. Das suas variadas aplicações, duas são as mais conhecidas: 1) Pronome Reflexivo: A palavra se será pronome reflexivo quando indicar que o sujeito pratica a ação sobre si mesmo. Nesse caso, o verbo concordará com o sujeito. Ex. A menina machucou-se ao cair do brinquedo. As meninas machucaram-se; 2) Conjunção Subordinativa Condicional: A palavra se será conjunção subordinativa condicional, quando iniciar oração subordinada adverbial condicional, ou seja, quando iniciar oração que funcione como adjunto adverbial de condição. Ex. Tudo estaria resolvido, se ele tivesse devolvido o dinheiro (Internet).

(v.6) Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos, e não praticamos a verdade;

1. Tendo escrito a sua carta para que seus leitores viessem à comunhão, João leva-os a compreender que dizer não é tudo, mas sim o tipo de comportamento que devem ter.
2. Tendo ensinado que em Deus não há treva alguma (v.5), quem nela andar está fora da comunhão; e mais, não passa de um mentiroso, porque não pratica a verdade. Em síntese, aquele que assim procede engana-se a si mesmo.
3. O conceito de Jesus para quem anda nas trevas, é a prática às escondidas das coisas que são reprovadas se praticadas diante da luz (João 3-19-21).

(v.7) mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado.

1. “Deus é luz” (v.5). Sendo luz, Ele mesmo está na luz, e consequentemente, aqueles que com Ele estão desfrutam da Sua luz.
2. O apóstolo elenca os resultados positivos de estarmos na luz: 1) temos comunhão uns com os outros. A comunhão que temos entre nós na igreja é resultado imediato da comunhão que temos com Deus (v.3); a falta de comunhão entre nós pode denunciar que não temos a Deus; e,
3. 2) Quando andamos na luz somos purificados pelo sangue de Jesus, o Filho; a purificação é completa, é irrestrita: “de todo pecado”. Nem pecadinhos, nem pecadões, se assim podemos classificar o pecado, mas de todo e qualquer pecado; inclusive a falta de comunhão entre os irmãos.

(v.8) Se dissermos que não temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.

1. Muitos anos antes de João e de seus leitores, o próprio Davi conceituou o pecado como uma herança: “Eu nasci em iniqüidade, em pecado minha mãe me concebeu” (Sl 51.5). Então, dizer ‘não temos pecado nenhum’ não de extrema ignorância; pelo menos o rei Davi diria isso.
2. “Enganamo-nos a nós mesmos”. Esta expressão joanina nos lembra outra: ‘Me engana que eu gosto’. Tem gente que gosta de viver assim, enganando e sendo enganado. O perigo é que todo aquele que passa a acreditar em sua mentira, passa ensiná-la aos outros como se fosse uma verdade.
3. “A verdade não está em nós”. Se a verdade não está em nós, corremos o risco de estarmos sem Cristo, pois Ele mesmo disse: “Eu sou...a verdade”. Pessoas vazias da verdade insistem em levar uma vida de mentiras.

(v.9) Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.

1. João precisava trabalhar muito com aqueles que tinham a mentalidade do versículo anterior. Como alguém que diz não ter pecado vai confessar alguma coisa? É claro que João, com aquele jeito paizão de ser, soube conduzir as pessoas à reflexão.
2. João teve que explicar o que é pecado; teve que dizer mais do que dizemos às pessoas dos nossos dias; que pecado é errar o alvo, e mais nada, paramos por aí. É que muitas vezes falamos docemente sobre o pecado (medo de ofender o pecador); aí, não convencemos ninguém! (E ainda atrapalhamos o Espírito Santo a quem foi dada a tarefa do convencimento – João 16.8,9).
3. Depois de conscientizados do pecado, aquele que o confessar, terá da parte de Deus, que é fiel e justo, o perdão dos pecados e a purificação de toda injustiça. Citando Stott: perdão (o débito é quitado); purificação (a mancha é removida).

(v.10) Se dissermos que não temos cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.

1. Devemos entender que este versículo não se trata de mera repetição do verso oito, mas sim, de outro conceito bíblico-teológico; lá, a lembrança do pecado como uma herança maldita; aqui, o resultado da herança, os juros; lá, a causa; aqui, a conseqüência.
2. João nos ensina a termos cuidado sobre o que pensamos de nós mesmos. É possível que, mesmo carregados de pecados, alguém ache que não pecou, porque nunca matou, nunca roubou, nunca adulterou, nunca isso ou nunca...qualquer outro erro. Se João escrevia a fim de que eles conhecessem o evangelho, é certo que já haviam cometido pecado, mesmo que não soubessem alistá-los.
3. Se dissermos que não temos, ou que não cometemos pecado, fazemo-lo mentiroso, pois está escrito que todos pecaram (Rm 3.23 e outros).
4. “E a sua palavra não está em nós”. Repito o que disse no item 3 do verso 8: ‘Se a palavra não está em nós, corremos o risco de estarmos sem Cristo, pois Ele é a Palavra que encarnou para estar entre nós (João 1.14).


PR. Eli da Rocha Silva
IBJH 6/05/2009

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