quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

PECADO E GRAÇA NA MESMA CASA

PECADO E GRAÇA NA MESMA CASA
LUCAS 15.11-32

I – O PECADOR COMO O FILHO PRÓDIGO
1.    Amava o pai, mas queria viver a sua própria vida.
2.    O pai, mesmo tendo ensinado o que havia de melhor na educação israelita, não pode segurar o seu filho sob os seus cuidados e na conduta da Torá.
3.    Em artigo na revista CH (Fev/Mar), Karen S. Prior escreveu: “Um pai, embora tente ser ‘perfeito’, não garante a fé de um filho”.
4.    Não é difícil percebermos essa verdade em alguns lares cristãos. É bem verdade que alguns pais perdem os filhos porque não servem como exemplos de fé; para eles a fé professada pelos pais parece mesmo piada.
5.    Mas vamos pensar do lado positivo; o lado de pais fiéis. Karen escreveu: “O Pai de Adão e Eva era perfeito e, mesmo assim, eles se rebelaram contra ele”.
6.    Podemos ver exemplos de rebelião no próprio povo de Deus quando andou pelo deserto; eles chegaram a lamentar não estar mais no Egito. Nas suas murmurações eles acharam que deviam ter morrido no Egito ou no deserto (Nm 14.1-4). Pediu, tá pedido; Deus respondeu. Foi o que aconteceu (v.22,23).
7.    O filho pródigo é bem o exemplo de quem acha que as coisas podem ser melhores do que são, embora tudo esteja muito bom.
8.    Para o jovem não era suficiente as horas em volta da mesma para ler e decorar a Torá; para o jovem não era mais suficiente os encontros nas proximidades do templo, ou nas horas entre uma atividade religiosa e outra. Como falamos na Quarta-feira, muitos jovens não fazem mais da igreja um lugar de encontro.
9.    Na casa daquele pai havia um pecador que sairia e seria pródigo: gastaria seus bens, sua moral e sua saúde.

II – O PECADOR COMO O FILHO QUE NÃO PARTIU
1.    O filho que não partiu parecia amar o pai e o bem-estar que esse amor proporcionava.
2.    Mas o filho que ficou também tinha as mesmas aspirações e desejos do que partiu; de algum modo ele também queria ser pródigo. Ele disse ao seu pai: “Te sirvo a tanto tempo e nunca me deste um cabrito para alegra-me com meus amigos” (v.29).
3.    Parece que o jovem vivia na casa, porque nunca decidiu partir, mas vivia uma vida sem sentido, sem alegria, sem prazer. É possível que haja na casa muita gente desgostosa, mas sem coragem de partir, sem coragem de querer morrer no deserto.
4.    O rapaz que ficou joga na cara do seu pai que merecia um tratamento melhor, porque nunca transgrediu uma ordem sua (v.29). Parece outro rapaz que disse que era bom o bastante para ter a vida eterna; mas caso faltasse alguma coisa era só Jesus falar.
5.    O filho que ficou decidiu curtir a sua indignação, e não a festa (v.28). Parece uns e outros de nós, que têm dificuldade de receber na casa aquele que pecou mais (segundo sua própria concepção).
6.    O filho que ficou, ficou a ponto de ter um ataque de nervos; ficou uma fera com seu pai (v.30). Imagino a forma áspera, contundente que ele se dirigiu ao seu pai.
7.    O filho que ficou nos deixa pensando a respeito de muitos que não vão mas também não são. Quer entender? Parece aqueles que nunca abraçam o mundo mas também nunca abraçam a igreja (Ap 3.15,16).

III – O PAI QUE PERDOA E AMA A AMBOS
1.    O pai que teve que administrar os egos dos seus dois filhos: um que partiu e outro que ficou.
2.    Entra em cena o pai, ou melhor, o pai nunca saiu de cena. O pai não sai de cena porque é graça pura, é pura graça.
3.    Por ser graça, o pai não gastaria o precioso tempo de abraçar para recriminar; por ser graça, o pai não perderia a oportunidade de abraçar e cheirar gostoso, mesmo que o filho estive em péssimas condições.
4.    Por ser graça pura, o pai não perder o precioso tempo fazendo contas, se o momento era de colocar sandálias, roupas e o anel que reintegrava ao seio familiar.
5.    No artigo de Karen, podemos perceber o quanto o pai era pródigo em amor; ela escreveu: “É um amor que espera pacientemente, em oração e até mesmo em sofrimento”. Podemos dizer que ele era também pródigo em graça.
6.    Mas o pai não demonstrou graça e amor apenas ao filho que voltou bem diferente do dia da sua partida; ele mostrou graça também para o filho que nunca foi, mas parece que também nunca ficou.
7.    O pai vai ao seu encontro para ‘conciliá-lo’ (“insistiu com ele”). É assim que Deus faz conosco. Ele veio até nos para que entrássemos em sua casa.
8.    O filho que se colocou em uma condição de servo, de escravo, ou como um mero trabalhador, não percebeu que tudo o que era do pai era dele também (v.30).
9.    É possível nos perdermos em muito trabalho e abrirmos mão da comunhão. Podemos cair no risco de sermos serviçais eclesiásticos e nunca usufruirmos da comunhão com o Senhor da casa, da igreja.
10. O pai mostrou que amava a ambos os filhos, que não havia preferência. Deus nos mostra pela parábola que nos ama igualmente. Podemos dizer que Deus também foi pródigo em seu amor para conosco (Jo 3.16).
11. Coisa que apenas um pai amoroso pode dizer: “Era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos...” (v.32).


CONCLUSÃO
Como podemos ver, havia pecado e graça na mesma casa. Não sei se podemos comparar isso com as nossas casas ou com a igreja. Mas é certo dizer que a igreja é um lugar de pecadores; pecadores redimidos e pecadores pecadeiros.
Sendo pecadores redimidos ou pecadores pecadeiros, é salutar saber que vivemos próximo a alguém que é cheio de graça e de amor.
Lembramos de Paulo que disse que onde abundou o pecado superabundou a graça (Rm 5.20).
Como o que partiu, ou como o que ficou, graças a Deus que nos abraça cheio de graça.
Amém.


Pr. Eli da Rocha Silva

16/02/2014 – Igreja Batista em Jd. Helena – Itaquera – S. Paulo - SP

Nenhum comentário: