PECADO E GRAÇA NA MESMA CASA
LUCAS 15.11-32
I – O PECADOR COMO O FILHO
PRÓDIGO
1. Amava
o pai, mas queria viver a sua própria vida.
2. O
pai, mesmo tendo ensinado o que havia de melhor na educação israelita, não pode
segurar o seu filho sob os seus cuidados e na conduta da Torá.
3. Em
artigo na revista CH (Fev/Mar), Karen S. Prior escreveu: “Um pai, embora tente
ser ‘perfeito’, não garante a fé de um filho”.
4. Não
é difícil percebermos essa verdade em alguns lares cristãos. É bem verdade que
alguns pais perdem os filhos porque não servem como exemplos de fé; para eles a
fé professada pelos pais parece mesmo piada.
5. Mas
vamos pensar do lado positivo; o lado de pais fiéis. Karen escreveu: “O Pai de
Adão e Eva era perfeito e, mesmo assim, eles se rebelaram contra ele”.
6. Podemos
ver exemplos de rebelião no próprio povo de Deus quando andou pelo deserto;
eles chegaram a lamentar não estar mais no Egito. Nas suas murmurações eles
acharam que deviam ter morrido no Egito ou no deserto (Nm 14.1-4). Pediu, tá
pedido; Deus respondeu. Foi o que aconteceu (v.22,23).
7. O
filho pródigo é bem o exemplo de quem acha que as coisas podem ser melhores do
que são, embora tudo esteja muito bom.
8. Para
o jovem não era suficiente as horas em volta da mesma para ler e decorar a
Torá; para o jovem não era mais suficiente os encontros nas proximidades do
templo, ou nas horas entre uma atividade religiosa e outra. Como falamos na
Quarta-feira, muitos jovens não fazem mais da igreja um lugar de encontro.
9. Na
casa daquele pai havia um pecador que sairia e seria pródigo: gastaria seus
bens, sua moral e sua saúde.
II – O PECADOR COMO O FILHO
QUE NÃO PARTIU
1. O
filho que não partiu parecia amar o pai e o bem-estar que esse amor
proporcionava.
2. Mas
o filho que ficou também tinha as mesmas aspirações e desejos do que partiu; de
algum modo ele também queria ser pródigo. Ele disse ao seu pai: “Te sirvo a
tanto tempo e nunca me deste um cabrito para alegra-me com meus amigos” (v.29).
3. Parece
que o jovem vivia na casa, porque nunca decidiu partir, mas vivia uma vida sem
sentido, sem alegria, sem prazer. É possível que haja na casa muita gente
desgostosa, mas sem coragem de partir, sem coragem de querer morrer no deserto.
4. O
rapaz que ficou joga na cara do seu pai que merecia um tratamento melhor,
porque nunca transgrediu uma ordem sua (v.29). Parece outro rapaz que disse que
era bom o bastante para ter a vida eterna; mas caso faltasse alguma coisa era
só Jesus falar.
5. O
filho que ficou decidiu curtir a sua indignação, e não a festa (v.28). Parece
uns e outros de nós, que têm dificuldade de receber na casa aquele que pecou
mais (segundo sua própria concepção).
6. O
filho que ficou, ficou a ponto de ter um ataque de nervos; ficou uma fera com
seu pai (v.30). Imagino a forma áspera, contundente que ele se dirigiu ao seu
pai.
7. O
filho que ficou nos deixa pensando a respeito de muitos que não vão mas também
não são. Quer entender? Parece aqueles que nunca abraçam o mundo mas também
nunca abraçam a igreja (Ap 3.15,16).
III – O PAI QUE PERDOA E AMA
A AMBOS
1. O
pai que teve que administrar os egos dos seus dois filhos: um que partiu e
outro que ficou.
2. Entra
em cena o pai, ou melhor, o pai nunca saiu de cena. O pai não sai de cena
porque é graça pura, é pura graça.
3. Por
ser graça, o pai não gastaria o precioso tempo de abraçar para recriminar; por
ser graça, o pai não perderia a oportunidade de abraçar e cheirar gostoso,
mesmo que o filho estive em péssimas condições.
4. Por
ser graça pura, o pai não perder o precioso tempo fazendo contas, se o momento
era de colocar sandálias, roupas e o anel que reintegrava ao seio familiar.
5. No
artigo de Karen, podemos perceber o quanto o pai era pródigo em amor; ela
escreveu: “É um amor que espera pacientemente, em oração e até mesmo em
sofrimento”. Podemos dizer que ele era também pródigo em graça.
6. Mas
o pai não demonstrou graça e amor apenas ao filho que voltou bem diferente do
dia da sua partida; ele mostrou graça também para o filho que nunca foi, mas
parece que também nunca ficou.
7. O
pai vai ao seu encontro para ‘conciliá-lo’ (“insistiu com ele”). É assim que
Deus faz conosco. Ele veio até nos para que entrássemos em sua casa.
8. O
filho que se colocou em uma condição de servo, de escravo, ou como um mero
trabalhador, não percebeu que tudo o que era do pai era dele também (v.30).
9. É
possível nos perdermos em muito trabalho e abrirmos mão da comunhão. Podemos
cair no risco de sermos serviçais eclesiásticos e nunca usufruirmos da comunhão
com o Senhor da casa, da igreja.
10. O
pai mostrou que amava a ambos os filhos, que não havia preferência. Deus nos
mostra pela parábola que nos ama igualmente. Podemos dizer que Deus também foi
pródigo em seu amor para conosco (Jo 3.16).
11. Coisa
que apenas um pai amoroso pode dizer: “Era preciso que nos regozijássemos e nos
alegrássemos...” (v.32).
CONCLUSÃO
Como podemos ver, havia
pecado e graça na mesma casa. Não sei se podemos comparar isso com as nossas
casas ou com a igreja. Mas é certo dizer que a igreja é um lugar de pecadores;
pecadores redimidos e pecadores pecadeiros.
Sendo pecadores redimidos ou
pecadores pecadeiros, é salutar saber que vivemos próximo a alguém que é cheio
de graça e de amor.
Lembramos de Paulo que disse
que onde abundou o pecado superabundou a graça (Rm 5.20).
Como o que partiu, ou como o
que ficou, graças a Deus que nos abraça cheio de graça.
Amém.
Pr. Eli da Rocha Silva
16/02/2014 – Igreja Batista
em Jd. Helena – Itaquera – S. Paulo - SP
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