sábado, 18 de outubro de 2008

A ‘QUASE’ INCOMPREENSÃO DO SALMISTA

A ‘QUASE’ INCOMPREENSÃO DO SALMISTA

SALMO 8.3-5

Quando penso e falo na incompreensão do salmista Davi, refiro-me à comparação que ele mesmo faz da grandiosidade dos itens criados (v.3).
O homem, tão pequeno se comparado ao universo criado, suscita uma pergunta: “Que é o homem para que dele te lembres?” (v.4).
Qual o relacionamento de Deus com o homem, a ponto deste, ser considerado pouco menor que a divindade? (v.5).
Que relacionamento é esse que faz Deus se movimentar em favor do homem pecador?

I- RELACIONAMENTO POR APRECIAÇÃO

1. Apreciação é o ato ou efeito de apreciar. Estimar valor a alguma coisa. Apreciar é prezar, julgar e considerar.
2. Tendo criado todas as coisas, inclusive o homem, Deus mesmo avaliou o que criara.
3. A respeito da luz, escreve Moisés: “E viu Deus que a luz era boa” (Gn 1.4). Mais quatro vezes Moisés escreve a avaliação de Deus sobre os conjuntos das coisas criadas, usando a seguinte expressão: “E viu Deus que isso era bom” (1.10,12,17,25).
4. Tendo terminada a criação, Moisés diz que a avaliação foi a seguinte: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (v.31).
5. Então o primeiro interesse de Deus em favor do homem foi por apreciação. Deus aprovou tudo que criara. E, o homem tendo sido criado, recebeu o selo de qualidade.
6. Davi sabia que Deus tinha razões sobejas na apreciação do homem, por ter sido este criado um pouco menor que a divindade (Sl 8.5). Deus criou o homem pouco menor que Ele mesmo, dando-lhe a sua imagem e semelhança (Gn 1.27).
7. Não fica difícil apreciarmos um filho que se pareça conosco. Não fica difícil apreciarmos um filho que seja tão inteligente quanto os pais, e às vezes, até mais.

II – RELACIONAMENTO POR VOLIÇÃO.

1. Mesmo o homem tendo errado em relação a Deus, a apreciação do Senhor por ele não se perdeu com o tempo.
2. Deus continuou interessado pelo homem, e agora queremos falar do relacionamento por volição. Na filosofia, explicam que volição é um ato da vontade. E vontade, explicam como sendo a ‘Faculdade de livremente praticar ou deixar de praticar algum ato’. Temos ainda expressões correlatas, tais como: desejo, intenção, resolução, etc .
3. O homem depois de criado por Deus, recebeu Dele, delegação para exercer domínio sobre os demais itens da criação (Sl 8.6-8). Se Deus tinha o poder sobre todas as coisas, ao homem foi dado o domínio sobre algumas coisas.
4. Mesmo tendo se rebelado contra Deus, que o criara, o homem continuou sendo objeto da vontade do Criador em relação a ele.
5. As questões relativas a expressão da vontade de Deus em favor do homem está permeada em toda a Bíblia, e de forma explícita na primeira carta de Paulo a Timóteo, quando diz: “Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (2.3,4).
6. Em teologia é-nos dada a seguinte explicação: ‘Uma expressão do desejo de Deus, não de Seu decreto soberano’ (Nota de rodapé Bíblia Anotada 1 Tm 2.4 pg 1517). Podemos tentar explicar da seguinte forma: Deus, mesmo soberano, não viola a capacidade de escolha do homem impondo-lhe aquilo que Ele deseja.
7. Já que somos seres pensantes, que têm vontade, pois conservamos a semelhança com Deus, nem sempre aquilo que desejamos ou queremos, realizamos. Claro, conservando as diferenças, pois fomos criados ‘pouco menor que Deus’, disse Davi.


III – RELACIONAMENTO POR SENTIMENTO

1. Se Deus quer manter relacionamento conosco por conta de sua apreciação e da sua vontade, Ele coloca tudo no sentimento que nutre por nós.
2. O próprio Davi nos faz compreender, pois ele mesmo compreendeu todas as coisas, e deixa isso claro no salmo, quando expressa o seu próprio sentimento. Para o salmista era flagrante a pequenez do homem em comparação à imensidão do universo (v.3,4).
3. Mas mesmo estupefato, pasmado, ele não deixa de expressar o seu próprio sentimento quando diz: “Ó Senhor, Senhor nosso” (v.1,9). O sentimento é de propriedade e soberania.
4. Deus, como já dissemos, coloca tudo no sentimento que nutre por nós. O próprio Jesus, o Deus encarnado, nos conta como foi isso, da seguinte forma: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que de o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16).
5. Deus, o qual deseja que todos os homens sejam salvos, tomou para Si mesmo a responsabilidade da redenção. Ele não ficou passivo, vendo o homem que tanto apreciou, indo de mal a pior, sem a possibilidade de voltar ao Éden (figura de um estado de prazer).
6. Deus colocou em prática o Seu sentimento em relação ao homem, enviando Jesus que nos leva de volta para casa. Nós estávamos perdidos, sem saber o caminho, sem saber qual direção tomar, mas Jesus nos pega pela mão e nos conduz para casa.
7. Não há coisa mais gostosa do chegar em casa: a água da nossa torneira parece mais gostosa, o cheiro do nosso quarto é muito mais convidativo, o nosso colchão é de fato incomparável. Sabendo que tudo é assim, Jesus nos toma pela mão e nos leva para casa.
8. Jesus é a expressão do amor de Deus que se revela em favor de todos os homens.


CONCLUSÃO

Davi estava admirado com a criação. Em sua admiração ele compara a si mesmo com as demais coisas: Mas afinal, que é o homem?
Ele mesmo responde: Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus.
Deus se movimenta através da história para nos levar de volta para casa.
Os sentimentos nutridos por Deus em nosso favor, nos credenciam a esse retorno.
Mas o retorno só será possível, como Jesus mesmo diz: “Para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
Amém.

Pr. Eli da Rocha Silva
19/10/2008 IBJH

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