domingo, 14 de junho de 2009

PAULO E A SUA PAIXÃO PELO MINISTÉRIO

PAULO E A SUA PAIXÃO PELO MINISTÉRIO

ATOS 20.17-38


I - A PAIXÃO REFORÇOU A SUA RESPONSABILIDADE.

1. Paulo e o seu testemunho entre os crentes efésios. Ele apela àquilo que eles sabiam do seu procedimento entre eles: “Bem sabeis de que modo tenho vivido entre vós” (v.18). A sua vida era a sua carta, escrita pela tinta do serviço que prestara. O seu apelo era ao conhecimento (epistamai) que tinham dele e da sua atuação no ministério.
2. O ministério é um serviço que se presta a Deus em favor do próximo (v.19). O seu ministério foi marcado pela humildade, que deve ser própria de qualquer escravo, pois é assim que ele a si mesmo se qualifica (douleúon). A KJV traduz tapeinophrosynes “toda humildade da mente”. Isto é, com uma disposição mental humilde. Em outras palavras, Paulo não queria ser mais do que está reservado para um escravo.
3. O ministério paulino foi marcado pelas lágrimas e provações provocadas pela oposição (as quais me sobrevieram pelas ciladas dos judeus).
4. As provocações não foram suficientes e nem maiores que a sua paixão pelo ministério. O apóstolo mesmo diz: “Jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa e de vo-la ensinar publicamente e também de casa em casa” (v.20).
5. As perseguições promovidas pelos judeus funcionaram como combustível no ministério de Paulo, ao inflamá-lo no testemunho que devia dar e no apelo ao arrependimento, tanto a judeus como aos gregos (v.21). Paulo usava do mesmo poder de argumentação de Pedro, quando este disse que os judeus deviam arrepender-se (Atos 2.38).

II – A PAIXÃO NÃO CEDE AOS APELOS CIRCUNSTANCIAIS

1. O amor pelos irmãos de Éfeso não interferiu na visão de ministério que Paulo nutria em seu coração. Não houve nele um conflito de sentimentos; a obra para qual fora chamado falou mais alto: “Agora, impelido pelo Espírito, vou para Jerusalém”(v.22). Era gostosa a comunhão com os irmãos; deixá-los após três anos (v.31) não seria fácil, mas era extremamente necessário fazê-lo.
2. A saída, a transição de um ministério para outro é sempre uma incógnita, quanto ao sucesso, quanto aos resultados. Razão pela qual o apóstolo diz: “Sem saber o que acontecerá ali” (v.22 b). É preciso muita coragem para fazer a transição. Às vezes somos levados pelo Senhor, a sairmos de um pastorado, que alguns chamariam de ‘zona de conforto’, para outro, que apenas Deus sabe em que vai dar (Aliás, Deus sempre o resultado das nossas escolhas).
3. Mas Paulo não deixaria Éfeso, após três anos de trabalho, sem garantias. Não estou falando de FGTM, INSS recolhido e outras vantagens expendidas pelas igrejas ao ministério pastoral; mas sim, do que ele mesmo nos diz: ‘Deixo a todos vocês com a garantia que me dá o Espírito Santo’ (v.23). Quem não gostaria de deixar o ministério, de um para outro, com as garantias dadas pelo Espírito, e não pela comissão de sucessão pastoral! Mas quais são essas garantias? Paulo as expõe: “O Espírito Santo me disse, que prisões e tribulações me esperam”.
4. Paulo criou, diante dos irmãos, aquilo que deveria ser o bordão do ministério pastoral: “Mas em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”. (v.24). Todos os sofrimentos que viriam ainda sobre o apóstolo, e até mesmo o perigo de morte, só teriam razão de ser se ele completasse a sua carreira e serviço (ministério) para o qual tinha sido designado.

III – A PAIXÃO REFORÇA O CUIDADO PELAS OVELHAS

1. Primeiro, uma nota de certeza e também de tristeza: “Nenhum de vós...jamais tornará a ver o meu rosto” (v.25).
2. A consciência do dever cumprido: “Eu vos afirmo que estou limpo do sangue de todos” (v.26). Por que essa consciência do apóstolo? Ele diz: “Porque não deixei de vos anunciar todo o propósito de Deus” (v.27).
3. Como apóstolo, enviado de Deus para cumprir o ministério da evangelização, Paulo teve preocupações e cuidados para com o rebanho. O seu cuidado começa com os presbíteros: “Tende cuidado de vós mesmos” (v.28). Se o pastor não cuidar de si mesmo, não terá condições de cuidar “de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo o constituiu”.
4. Paulo não estava dizendo com a expressão tende cuidado de vós mesmos, que eles deviam manter os exames médicos em dia, que o colesterol ruim devia ser mantido baixo, que a PA devia ser mantida em equilíbrio, e que o cardiologista e urologista deviam ser visitados periodicamente (Muito embora não se deva descartar tal cuidado!). Ele estava falando de alguns que viriam para perturbar a paz e a tranqüilidade dos líderes e do próprio rebanho Senhor (vv.29-31).
5. Nos últimos momentos com os presbíteros Paulo faz um ato, que chamaríamos de Ato Consagratório: “Agora pois, consagro-vos a Deus e à palavra da sua graça” (v.32). A liderança que ficava em Éfeso precisava do poder de Deus para ser edificada.
6. Paulo falou do seu despojamento no cumprimento do seu ministério (vv.33-35). Por razões particulares, pessoais, Paulo se viu capaz de abrir mão de ser sustentado pela igreja.
7. Paulo reserva para a liderança um momento de muita emoção. Sem qualquer comentário, quero que o próprio texto fale: “Depois de dizer isso, ajoelhou-se e orou com todos eles. E houve grande choro entre todos; e, abraçando Paulo, o beijavam” (v.36-38).


CONCLUSÃO

O ministério pastoral é uma paixão (uma paixão que apavora!). Como apaixonados, não conseguimos viver sem exercê-lo.
Alguns já pensaram em parar; outros, até tentaram.
Ele é paixão para os chamados, mas, é peso e dor para aqueles que se apresentam sem o chamado.
Que nós pastores sejamos sábios na condução do rebanho que o Senhor comprou com o seu próprio sangue (v.28).
Amém

PR. Eli da Rocha Silva 14/06/2009
Igreja Batista em Jardim Helena – Itaquera – São Paulo -SP

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