sábado, 25 de dezembro de 2010

A VIDA CRISTÃ EXEMPLAR: O AMOR FRATERNAL

1 PEDRO 3.8-12



v.8 Finalmente, sede todos de um mesmo sentimento, compassivos, cheios de amor fraternal, misericordiosos, humildes,

1. “Finalmente”. Pedro vai encerrar o período designado pelos ‘arranjadores’ do texto em nossas Bíblias chamado: ‘Vida Cristã Exemplar’. A vida exemplar requerida a nós não se refere apenas às relações internas da igreja local, mas como vimos, em toda a esfera humana: visão integral do homem em suas relações sociais.
2. O verso 8 é suficiente para falarmos horas e horas; há 4 temas excelentes para serem discutidos e colocados em prática: 1) “Sede todos de igual ânimo”. Homophron – homo=mesmo, phroneo= pensar: disposição de ser encaminhados juntos em um mesmo propósito visando um fim único. Todos puxam a corda para o mesmo lado. “Aquela unidade interior de atitude nas coisas espirituais, que torna a divisão algo impensável” (Rienecker & Rogers).
3. 2) “Compassivos, compadecidos”. (Sympathes) Pedro manda que sejamos crentes simpáticos. Pedro exagerou? Há crentes antipáticos? A palavra significa unir-se ao sentimento do outro, seja de tristeza ou de alegria (Rm 12.15). Simpático em nosso uso diário nos leva a pensar em uma pessoa agradável.
4. 3) “Cheios de amor fraternal, fraternalmente amigos”. Filadelfoi = amor ao irmão. Amor de filhos de Deus (Jo 1.12). Acredito em uma categoria especial de amor que só pode ser vivido na igreja, que difere do amor que vivemos em nossas famílias. O amor vivido na igreja supera as dificuldades e conseguimos continuar; nos lares, algumas questões são resolvidas no braço (Gn 4.8; 1 Jo 3.7-12).
5. 4) “Misericordiosos” Pitiful (εὔσπλαγχνοι) (entranhas nobres). Pitibul ou Pitiful (apenas um jogo de palavras). Houve um momento que Pedro foi um verdadeiro pitibul (Jo 18.10,11); amadurecido, já velho, Pedro aprendeu e ensinou que o crente deve ser pitiful (KJV), isto é, cheio de misericórdia. A Darby Translation usa tender hearted (Dotado de grande sensibilidade, suscetíveis de impressões ou influência; afetuoso; piedade; sensíveis). Textos: Roboão ainda jovem e de bom coração, e não podia resistir-lhes. - 2 Cro. 13.7; Sede um tipo para outro, de bom coração. Ef. 4. 32.
6. 5) “Humildes”. Pedro também aprendeu que a humildade é coisa boa. Horton escreveu: “Sem a pretensão de exaltar-se sobre os demais”. Podemos ver isso em João Batista (Mt 3.11; Jo 3.30) e em Jesus (Jo 13.12-20; Fp 2.1-11). A palavra grega no TR é Filophrones, i.e, um pensar com disposição amável; no Nestle-Aland a palavra é tapeinophrones, i.e, pensar com disposição humilde. A KJV traduz tudo isto como cortesia.

v.9 não retribuindo mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário, bendizendo; porque para isso fostes chamados, para herdardes uma bênção.

1. Após apelar aos crentes e reafirmar o modo de convivência que deveriam ter na igreja, Pedro continua reforçando os seus conselhos.
2. “Não pagando mal por mal, ou injúria por injúria”. O Pedro amadurecido é contra o bateu-levou; embora tivesse ele mesmo feito isso quando da prisão de Jesus no Getsêmani.
3. Não sei até que ponto em nossa vida cristã estamos amadurecidos para cumprir essa instrução do apóstolo. Tal instrução apenas reflete o que Jesus mesmo disse no Sermão do Monte (Lc 6.27,28).
4. De modo particular, confesso que fico decepcionado por não conseguir ser um crente melhor, como gostaria que assim fosse. Mas como disse Paulo: Prossigo para o alvo. Não posso desanimar, e nem massagear o meu ego dizendo que, nasci assim vou morrer assim. Não podemos nos acostumar com uma vida cristã sem brilho.
5. Pedro, através do Espírito Santo nos maravilha com o que ele diz: “Antes, pelo contrário, bendizendo”. Ou seja, fale bem, abençoe, inclusive quem lhe fez mal, que lhe injuriou, difamou. (Rm 12.14). É difícil fazer isso, é difícil ser assim? É. Só o Espírito Santo, através do seu fruto pode nos capacitar para agirmos assim.
6. “Pois para isto mesmo fostes chamados”. Outra coisa: fomos chamados para abençoar. Pode ser que em algum momento gostaríamos de fazer imprecações. Não fomos chamados para imprecar, mas para abençoar. Através da nossa fala, da nossa língua podemos estar abençoando ou tirando a bênção.
7. Gosto da tradução literal feita por Waldyr Carvalho Luz: “Para que falação de bem repartais porção”. Aqui temos a ideia de sermos abençoadores com as nossas falações; repartindo da mesma herança que também já somos participantes.



v.10 Pois, quem quer amar a vida, e ver os dias bons, refreie a sua língua do mal, e os seus lábios não falem engano;

1. Conheço uma irmã que sonhou este versículo. Deus ainda fala por sonhos. No caso da referida irmã, não uma mensagem nova, mas uma que já estava escrita. Eu nunca sonhei este versículo, mas vou procurar segui-lo mesmo sem sonhar.
2. O sonho da irmã foi uma repreensão do Senhor; ela de fato precisava sonhar, e sonhou. Podem acreditar! Ela levou a sério o sonho e praticou o versículo.
3. Aqui Pedro recorre a Davi ao citar o Salmo 34.13-17. Parece que o problema com a língua era coisa antiga.
4. Todos nós queremos amar a vida e ver dias bons, isso é normal, é natural. Mas, quando falamos o que não devíamos ter falado pagamos um preço. Então Davi e Pedro nos manda refrear a língua. E Davi insiste com o Senhor (Veja Sl 141.3).
5. No grego, para refrear, temos pausáto, que em português temos a palavra ‘pausa’. Quando formos falar ‘asnices’, que o Espírito Santo puxe o freio da nossa língua e nos silencie e nos aquiete (Ler Tg 3.1-10).
6. Temos que cuidar para que os nossos lábios não falem dolosamente, isto é, com intenção de fazer mal. Pode ser que alguma vez falamos, e somos considerados faladores culposos, falamos sem a intenção de matar a vida do nosso irmão. Outras vezes, pode ser que falamos com intenção de matar a vida do nosso irmão, então, somos considerados faladores dolosos.
7. Na igreja não acionamos um tribunal para julgar esse tipo de procedimento, mas pode ser que, no futuro, a igreja comece a fazer isso. Se não fizer, Deus mesmo fará.

v.11 aparte-se do mal, e faça o bem; busque a paz, e siga-a.

1. “Aparta-te do mal, e faça o bem”. Podemos ver aqui Davi e Pedro nos ensinando a busca por uma vida de objetividade: apartar-se e fazer e o tema. Não basta alguém dizer ‘eu não faço o mal’, e percebermos que ele não pratica bem nenhum; não praticar o bem, em situações que isso exija, é o mesmo que praticar o mal. A omissão é uma espécie de mal.
2. “Busque a paz, e siga-a”. Gosto mais da tradução ARA que diz: “Busque a paz e empenhe-se por alcançá-la”. A paz é um bem que mesmo achado, por um deslize de nossa parte, pode ser perdido com muita facilidade. Conheci pessoas que se gostavam muito, e por causa de um ‘nadinha’ não esclarecido tornaram-se inimigos, ou simplesmente romperam a amizade.


v.12 Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atento à sua súplica; mas o rosto do Senhor é contra os que fazem o mal.

1. Vamos lembrar o Salmo 1.6. Como queremos ser tratados pelo Senhor? Qual tem sido o nosso comportamento na igreja do Senhor nas relações com os nossos irmãos?
2. Existem coisas que devem ser consertadas? Feridas não cicatrizadas, irmãos não perdoados, irmãos que ferimos e agimos como se não fôssemos culpados? Qual o estado das nossas consciências; está cauterizada, ou ainda pode receber medicação sem maiores traumas?
3. Estas questões são para todos nós. Não podemos continuar vivendo a vida da igreja achando que não vamos ter que resolver os problemas. Falo o que falou Paulo: “Miserável homem que sou”. Eu também me incluo aos que têm que resolver pendências.
4. Não quero ter o rosto do Senhor contra mim. Preciso fazer a paz com aqueles que feri. Não estou dizendo fazer uma paz apenas para trazer bons agouros para o novo ano. Falo de fazer a paz mesmo, de voltar a conviver com o irmão, de sorrir quando for para sorrir e ouvir quando for para ouvir.
5. Que Deus nos abençoe com coragem para buscar os que nós ferimos; que peçamos a ajuda do Santo Espírito para não incluirmos novos feridos em nossa lista.
6. Assim seja!


Pr. Eli da Rocha Silva
05, 26/12/2010 – Igreja Batista em Jardim Helena – Itaquera - SP

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